quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Considerações finais sobre 2012

Ano passado eu prometi dar meu melhor em 2012, estudar like never before, realmente colocar alma, coração e principalmente cérebro focados em um objetivo. Tenho orgulho de dizer que nesse ano, diferentemente dos demais, eu cumpri o que prometi. De 100%, digamos que eu atingi 80%. Não foi exatamente o que eu planejei, mas hoje, a 11 dias do fim do ano, posso seguramente dizer que estou feliz com o meu desempenho. Ainda não sei se conseguirei a minha vaga para o curso que quero, não sei se o esforço que fiz durante todo o ano valeu à pena. Não sei se meus planejamentos de vida terão que ser alterados devido ao vestibular. Entretanto, dentre as muitas coisas sobre esse ano que eu não sei, tem uma, somente uma sobre 2012 -que possivelmente afetará todo o meu futuro-, que eu sei. E sei bem.
2012 definitivamente não foi em vão. Tirando a parte duvidosa sobre os estudos, todo o resto foi proveitoso. Foram as pequenas coisas, os conselhos, o aprender a me importar com os outros, os sorrisos, as conversas, os textos, os poemas, as músicas. Foi o neon, a cabeça encostada na janela do ônibus na volta pra casa, foram as tardes quentes, as chuvas torrenciais, de monção, as lágrimas, a admiração, foi o pegar as mãos para atravessar a rua, o jogo dos pontinhos, foi a dúvida entre exatas e humanas, o abstrato, o objetivo que se transformou em subjetivo, os minutos sentada observando o céu e os carros passando na via light, as conversas sobre eu ser eu sendo eu de formas diferentes ao longo do tempo. Foi a máfia, as infâmias. Foi o nascimento do Davi, a recuperação do Davi. Foi meu A. Foi o encontrar o caminho quando eu ainda me sentia perdida. Foi o preencher o vazio. Foi o feriado na sorveteria, as cinco páginas, a Minnie, as mensagens, o facebook. Foram as terças do fondue e as sextas do yakisoba. Foi o “Não há Vargas!”, a falta de paralelismo, foi o “leite, fígado, ovos e hortaliças”. Foi o sumiço da Candelária, o Impressionismo. Foi a fé e o café. Foi o Andy, a Guísella, a Emylli, a Bianca, a Juliana, a Thayná, a Rayssa, o Bruno, a Jéssica, o Pedro, o Rodrigo, foi o Lucas. Foi tanta coisa...
E agora, faltando tão pouquinho para o fim desse ano, eu estou aqui concluindo que valeu e me arrependendo das tantas vezes que conversei com minha sis no telefone dizendo que 2012 podia passar voando pela gente, alegando que eu não queria mais, que essa fase poderia acabar de uma vez. Contudo, eu estava enganada. Não foi um ano bom como foram todos os outros anteriores. Foi melhor, foi magnífico. Um ano que estava fadado a ser o pior de minha vida até aqui, o ano perdido, aquele que não deveria ser mencionado na posterioridade. E a diferença entre ele e os outros está no eu. Eu posso, eu consigo, eu tenho como fazer. Eu posso sim ser legal e conversar com desconhecidos, eu posso fazer amizades fantásticas com pessoas totalmente diferentes de mim, eu posso chorar na frente de todo mundo, eu posso me desesperar, eu posso ser maleável. Eu não preciso ser sempre a durona, eu não preciso disso. Eu posso me permitir errar, descobrir que se eu quiser, eu arrebento nas exatas. Eu posso assumir não ser boa em história e ainda assim prestar vestibular pra Direito. Descobri que eu tenho um grande coração e 2012 me mostrou isso de uma forma brilhante. Iceheart no more. E faltando duas semaninhas apenas para a chegada de 2013 estou entre lágrimas porque eu quero que ele dure mais um pouquinho, que ele me ensine mais, que ele me mostre mais, que ele me surpreenda mais.
Hoje tem algo dentro de mim batendo nas paredes de minha pele, gritando na minha garganta, fervendo no meu sangue. Algo está palpitando me implorando pra não parar. E daí se eu não conseguir direito na primeira classificação? E se física for o meu destino? E daí se eu me apaixonar? E daí se eu me mudar? E daí se eu mudar? Eu não vou parar o que começou esse ano. Eu descobri que posso muito mais do que eu pensei que podia. E agora, o que me resta é dar adeus a 2012 e desejar que ele permita que seus efeitos se estendam por 2013, 2014, 2015 e para o resto de minha vida.



quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Para não dizer que não falei sobre o fim do mundo

O fim do ano se aproxima, mas antes, todos temos um compromisso marcado com o suposto fim do mundo. Dia vinte e um de dezembro de dois mil e doze. O clima tempo confirma sol e aumento de nuvens de manhã com pancadas de chuva à tarde e à noite.
Cada um vivendo sua vida, fazendo as compras de fim de ano, fazendo promessas para 2013, mas não, os maias simplesmente pararam de contar o tempo no dia 21/12/2012, nem nos deram a oportunidade de comemorar o Natal e comer uma bela ceia, fazer uma despedida, um amigo oculto...
Para completar nossa sorte, há uns que ainda estão dizendo que Ovnis marcaram presença lá no evento do facebook: Fim do mundo terrestre. Se eu fosse eles também confirmaria e não perderia por nada, afinal estão prometendo um verdadeiro espetáculo da mãe natureza para recebê-los: terremotos, maremotos, vulcões explodindo pra tudo quanto é lado, meteoros alcançando nosso solo. Não vai ser fantástico? Contudo, onde é que a gente fica nessa história toda? No meio desses festejos, eu digo pra vocês: não ficaremos.


Tenho que confessar que não estou com medo, nem um pingo. Não acredito na teoria e acabou. Mas tem gente que acredita. Tem gente que acredita e está morrendo de medo. O que não faz muito sentido. Se é o fim do mundo, todos vamos morrer. Eu, você, os australianos, os porto-riquenhos, os cubanos, as girafas e os ipês amarelos. Não fui informada da possibilidade de haver sobreviventes. Não acho que alguém ficará pra contar a história e definhar sozinho perambulando no mundo devastado igual aos filmes de zumbis, vírus mortais e outras desgraças que assolaram a Terra (ok, talvez venha o apocalipse zumbi depois do fim do mundo, mas continua não fazendo sentido, já que não restarão cérebros saudáveis para serem devorados). Então, meus caros, não há o que temer. Talvez, lá no fundo, o problema seja o arrependimento. Ver o fim diante de seus olhos e se dar conta de que não foi capaz de concluir o que queria. Uma boa casa, carros, viagens, realizações profissionais, família... tantos desejos que não foram realizados e aí BUM, fim.
Porém, há a possibilidade de um recomeço. Imagina só, abrir os olhos na manhã do dia 22. Eu sambaria na cara dos maias -Isso se eu soubesse sambar e se os maias ainda habitassem nosso planeta. É.- Sem ovnis, sem desastres, sem meteoros, todos vivinhos da silva. É o que diz um pessoal mais otimista (a.k.a numerólogos). Para eles, é só o fim de um ciclo e o início de outro. Uma nova chance de fazer tudo aquilo que temos de fazer, só que da maneira certa. Na verdade, eles só estão dizendo aquilo que deveríamos fazer todas as vezes que fogos de artifício clareiam o céu marcando o início de um novo ano. Ser mais condescendente, paciente, agir com mais amor, e todos aqueles eteceteras.
E, para encerrar esse texto, uso um argumento de autoridade que confirma minha descrença sobre esse devaneio de fim do mundo: "The world will not end in 2012. Our planet has been getting along just fine for more than 4 billion years (...)" Estão vendo? Estamos aqui  por quatro bilhões de anos! E devemos sobreviver por pelo menos mais quatro! Acho que é tempo suficiente para realizarmos tudo aquilo que queremos, da melhor maneira possível e ainda vai sobrar um tempinho para relaxar, acreditem. Se até a Nasa está comigo, então pra que temer?

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

1001 coisas que eu odeio em você

Eu não quero dizer o quanto eu odeio a forma que você joga esse cabelo pra trás tentando afastá-lo dos olhos. Nem como eu odeio a forma como você me olhava de canto de olho por de trás da folha. Ai, como eu odiava olhar para seus tênis e vê-los sempre incrivelmente brancos, SEMPRE. Eu odiava esbarrar com você nos corredores e perceber que você fingia que não tinha me visto. Odeio o seu discurso de chegada e de despedida. Odeio a forma como você se curva pra frente e começa a rir sozinho ao lembrar de algo engraçado. Odeio mais ainda quando contava as suas histórias da faculdade. Odeio a sua letra. Odeio a maneira como coça os olhos. Odeio quando você fala exatamente igual ao seu irmão. Odeio quando você fala de mulheres. Odeio quando banca o presunçoso pra cima de mim. Odeio tanto a maneira que você abre a garrafa d'água. Odeio sua voz. Odeio a mania que você tinha de invadir a aula do meu professor favorito. Odeio a pinta de bom moço que você tentava passar. Odeio quando você manda sms às sete da manhã, mas odeio mais ainda quando você não manda. Odeio o fato de ter te dado meu telefone. Odeio essa ideia que você colocou na cabeça de que sou marrenta. Odeio quando tenta ser fofo e consegue. Odeio quando age igual a um babaca. Odeio as coisas que você falava para me ter na sua. Odeio seu nome. Odeio sua presunção. Odeio saber que no fundo você é sim um cara legal. Odeio passar por montanhas e lembrar de você. Odeio seu nome, sua cor, sua altura, seus óculos, sua idade, suas blusas polo, seu cabelo. Odeio o fato de você ter sumido e consigo odiar mais ainda o fato de eu não ter direito nenhum de te perguntar o que está acontecendo porque certamente você vai me achar uma maluca. Odeio não saber como chegar e te falar que eu não me iludi com nada, mas que ainda assim você é um idiota sem vergonha. Odeio não te odiar. Odeio não encontrar motivos concretos para te odiar.
Então, por favor, tenha a decência e a maturidade de retirar tudo o que me disse e suma de uma vez ou eu vou começar a ter motivos para realmente desgostar de você.


Kat me entenderia.

sábado, 22 de setembro de 2012

Pra ver se cola

Perceberam que eu me vesti de forma diferente e foi pra te impressionar. Você nem chegou a ver, você não estava lá. Eu que ainda nem sei que perfume você usa, quanto você calça, seu tipo de filme preferido, a comida que você mais odeia. Talvez eu nunca venha a saber.
Seria legal se você por acaso, dia ou outro viesse conversar comigo, podemos ser amigos. É. Vem me explicar o que foi aquela tremedeira que me deu nas mãos quando você puxou aquele breve assunto despretensioso. Porque eu não sei. Vem me dizer que sorriso é esse que surge quando lembro o teu nome. Conta pra mim o motivo da sua aparição no meu sonho. Conta pra mim por que cargas d'água eu sempre olho pra montanhas e lembro de mar de morro.
Ontem ventou muito e eu fiquei esperando que esse vento me dissesse lento o que viria. Depois choveu demais. Eu parei para olhar as gotas caindo, molhando e inundando tudo. Me inundou. Me transbordou. Talvez tenha sido o inverno da minha alma se despedindo e dando boas vindas à primavera. Primavera essa que hoje chegou fria.
Será possível? Estou iludida, não é mesmo? Me desilude, então. Me manda parar, diz que não tem jeito, que é errado. É errado? Eu não vou fazer de tudo pra você perceber que sou eu, porque sei que não sou eu. Ou será que sou eu? Que ousadia a minha. Você diz que não vive a esconder o coração, mas eu não acredito. Tem bem mais do que você diz que tem. É bem mais do que você diz ser.
É, moreno, tá tudo bem. Eu sempre quis manter meus pés no chão, mas estou mudada, tô sonhando. Como pode alguém sonhar o que é impossível saber? Vai acontecer. Nem que seja só no meu pensamento. No meu sonho a gente vai brigar, vai sair, vai gritar e sorrir. Pode deixar que eu vou viver isso tudo por nós dois em meus pensamentos. Eu tenho diálogos prontos, passeios formulados, momentos inesquecíveis, tudo em meus pensamentos. Você nem vai sentir, nem vai precisar saber. Que mal há?
Já está acabando, talvez eu nunca mais te veja. Ou talvez te veja na televisão daqui a 6 ou 8 anos. Nesse tempinho que falta vou continuar a te perder no ar, você vai passar sem me notar. Você vai esquecer meu nome, vai esquecer onde moro. Vou te esquecer também. Por que eu deveria lembrar? Hoje a primavera chegou. Ainda temos tempo. Sei que vou passar essas semanas que faltam vendo a primavera brilhando em teu olhar. Esperando que ela resolva soprar pr'um caminho mais feliz.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Subterrâneo (22/29)

Acordei. Acordei de verdade. Abri os olhos e só vi escuridão. Respirei fundo como se o ar do planeta estivesse acabando. Não conseguia me mover. Só sabia que estava num espaço muito apertado. Ai, meu Deus, era um caixão?

Entrei em desespero. A Julieta em sua falsa morte não foi colocada em um caixão debaixo da terra. Pera aí, eu estava debaixo da terra?

-SOCORRO, SOCORRO, SOCORRO! ALGUÉM ME AJUDA! ME TIREM DAQUI! - Gritei com todo o ar de meus pulmões enquanto esmurrava o teto sobre minha cabeça.

- Diana, estou aqui, tenta se acalmar, vou te tirar daí. - Era a voz do Alex. No mesmo instante me senti mais segura, mas comecei a chorar.

- Alex, por favor me tira aqui, o que está acontecendo? A gente ia se casar. Estava tudo tão lindo, meu vestido, você... - Chorava tanto que não consegui mais falar.

- Já estou quase abrindo, amor. - A voz dele estava abafada, como se estivesse muito distante ou como se uma almofada estivesse cobrindo seu rosto. Ouvi uns estalos e depois a claridade começou a entrar à medida que Alex empurrava a tampa do caixão.

Quando vi o rosto pálido de Alex tudo o que eu queria era envolver meus braços em seu pescoço, entrelaçar meus dedos em seu cabelo, beijá-lo e nunca, nunca mais deixá-lo se afastar novamente. Eu não consegui. Estava fraca demais, meu corpo doía e só o que eu fazia era chorar.

- Alex, o que está acontecendo? - Falei entre lágrimas tentando me levantar. Percebendo minha fraqueza, Alex cuidadosamente me ajudou e me retirou daquela caixa horrível que me dava calafrios.

- Quando apliquei aquela injeção em você alguma coisa deu errado, não era a substância que eu vinha estudando. - Ele falava enquanto me abraçava. - Fiquei desesperado e não tinha o que fazer, não tinha os recursos para reverter o que quer que acontecesse com você. Não tive outra escolha a não ser te trazer para o laboratório do Dr. Oliver.

- Você o que, Alex? Ficou doido, a gente poderia... - Ele colocou o dedo indicador em meus lábios me fazendo parar de falar e me ajudou a sentar em um banco.

- Eu não tive escolha, amor. Era isso ou você poderia morrer. Fiquei muito desesperado, mas consegui pensar em um plano eficaz. Perigoso, arriscado, mas eficaz. Lembrei de já ter visto no laboratório do Dr. Oliver o veneno "Romeu e Julieta", então escrevi o bilhete, escondi no seu sutiã e voei com você para o laboratório. Chegando aqui Dr. Oliver estava uma fera, mas sua ambição foi maior do que a raiva e ele resolveu te ajudar para depois seguir os planos iniciais. Como eu imaginava. Enquanto ele revertia os efeitos da injeção que eu te apliquei, eu consegui trocar as seringas. Depois ele mandou que os enfermeiros me trancassem em meu antigo quarto e só o que eu pude fazer foi orar para que tudo desse certo.

- Mas como eu fui parar nesse caixão, Alex? Onde a gente está? Como você conseguiu fugir? - Olhei com repulsa para o caixão aberto. Eu tinha tantas perguntas, tantas aflições e a sensação de que esse pesadelo não acabaria nunca.

- Como eu imaginei, ele seguiu com os planos dele e aplicou a suposta substância que te transformaria em Zumbot, mas era o veneno Romeu e Julieta. Ele pensou que você tinha morrido e já não tinha mais o que fazer. Decidiu que iria te enterrar, por isso te colocou nesse caixão.

- Mas como você conseguiu sair, Alex? Como você sabia que eu estava aqui?

- Eu tinha uma cópia da chave escondida no colchão, mas tive que lutar contra a ansiedade e esperar os enfermeiros saírem da vigia para então poder te buscar. Rodei todos os corredores atrás de você até te encontrar aqui, no subterrâneo do prédio.

- Mas e agora, Alex, o que a gente vai fazer? Eu não consegui te salvar... - O abracei com toda a força que havia em meu corpo de recém ressuscitada de uma pseudo morte.

- Calma, amor, vamos dar um jeito nisso juntos, mas antes temos que sair daqui o mais silenciosamente e discretamente possível. - Ele me deu um beijo tranquilo e suave que me acalmou por uns segundos. Quando nos levantamos e estávamos nos direcionando para a saída daquele lugar tenebroso ouvimos passos e a voz do Dr. O liver: "Sei que você está por aqui. Não vai conseguir se esconder por muito tempo, Alex." Meu coração parou de bater de tanto medo.



Essa é a parte 22 do conto que nós, lindas mafiosas, estamos escrevendo juntas em comemoração do aniversário de um aninho da nossa tão amada máfia. Tudo começou com a mente brilhante da Rafa e daí cada uma de nós, todos os dias desse mês, vamos dando continuidade ao conto. Ontem a Vanessa passou a bola pra mim e amanhã é a vez da minha mamis: Ruvs. Corre lá pra ler a continuação!

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Isadora

Ela tinha por volta de uns vinte e cinco anos, todos os dias eu a via passar apressada naqueles vestidos estampados, em rumo ao prédio onde ela cursava publicidade e propaganda. E eu ali, só ficava sentado no meu banco, olhando por cima dos meus óculos fingindo ler um livro. Ela não reparava que eu estava ali, que eu construí uma rotina onde dedicava sete segundos do meu dia só para vê-la passar. Todos os dias eu estava ali, olhando, sentado, olhando, parado. Esperando que um dia talvez, ela viesse me perguntar as horas, quem sabe, ela não usava relógio mesmo. Pensei em comprar um e presenteá-la em um dia qualquer, mas ela ia me achar no mínimo maluco. Já pensei em esbarrar com um copo de café em cima dela, mas isso iria chateá-la. Pensei em ajudá-la a catar os livros, mas ela nem andava com livros nas mãos. Pensei em mandar bilhetinhos anônimos todos os dias, mas eu nem saberia o que escrever. Já pensei em tanta coisa, mas nada concretamente bom para fazer com que ela pergunte meu nome e venha a se interessar pelo o que eu faço, pelas coisas que eu gosto...

- Olha, ela tá vindo, corre lá, fala com ela.
- Ela tá com muita pressa, vou atrapalhar.
- Mano, como ela vai saber que você existe se você se esconde atrás desse livro e só deixa os olhos de fora?
- Me deixa, Inácio, não é hoje o dia. Vamos embora, ela já passou.
- Cara, você é um otário. Um otário, Theodor, um otário!

Inácio tinha razão, eu sou um otário. Um otário bobo que só sabe criar planinhos babacas que nunca darão certo. Um otário. Dia após dia eu me sento naquele banco, que acredito eu, ser um lugar estratégico. Alimento a esperança de que em uma manhã ela vai se sentar ali para respirar um pouco ao meu lado, dividir o meu ar, descansar um bocadinho antes de sair esbaforida pelo prédio adentro, e nesse dia, eu iria puxar um assunto. Não seria inconveniente, não atrapalharia o caminho dela, afinal ela que iria sentar no meu banco. Aí tudo iria mudar. Mas enquanto isso eu só fico aqui, olhando, esperando.

Eu tenho uma puta raiva de mim, porque não quero chegar e dar um "oi, me chamo Theodor", eu não quero não, eu não consigo. Minha garganta fecha só de pensar. Já inventei milhões de diálogos, treinei diversas vezes em frente ao espelho, mas não dá. Não dá. Sempre fui o tipo de cara que nunca se deu muito bem com essa tal arte da sedução, eu não sei lidar com isso. Eu só queria ter uma oportunidade de conversar com ela, que acontecesse naturalmente, queria que essa porra de destino ajudasse. Mas eu nunca fui o tipo de cara que o destino gosta de ajudar. E aí que eu fico nessa, sentado e esperando.

- Vou te ajudar, mano.
- Ajudar em que, Inácio? - Respondi sem tirar os olhos de um roteiro que estava lendo.
- Vou lá falar com aquela garota de publicidade.
- Pelo que eu me lembro não te pedi ajuda nenhuma. - Respondi sem tirar os olhos do papel.
- Qual é, a gente inventa alguma coisa pra puxar assunto e tal, não vai ter errada.
- Ah é mesmo, espertão? O que o Senhor genialidade vai fazer?
- Sei lá, dizer que a gente tá querendo saber uns métodos bons de divulgação do nosso curta metragem, sei lá, alguma coisa relacionada ao que ela faz.
- Não mesmo. Deixa isso pra lá.
- Como deixa pra lá, Theodor? Se somar todos os segundos que você perdeu naquele banco, sentado, seria igual ao tempo médio de um namoro de um casal normal, E ISSO É MUITO TEMPO!
- Não adianta, Inácio. Esquece isso, é perda de tempo...

Não tinha jeito de me fazer mudar de ideia, eu não iria forçar nada e ficar parecendo um idiota -maior ainda-. Inácio era impulsivo e fazia as coisas como bem entendia, mas graças aos céus o convenci a desistir daqueles planos que cheiravam a fracasso e vergonha só de ouvir.
Os dias foram passando sempre da mesma forma. Aqueles meus sete sagrados segundos sentado naquele banco, os trabalhos da faculdade, as provas, os projetos... Até que o dia mais trágico da minha vida chegou.

Eu estava sentado no meu banco, ela estava uma hora atrasada. Provavelmente não iria aparecer. Como eu só teria aula nos os dois últimos tempos, resolvi ficar por ali mesmo estudando para a prova do dia seguinte. Daí que ela aparece. Vem caminhando como se estivesse procurando por alguém. Olha para o meu banco e vem em minha direção. Meu coração começou a pular descompassadamente, achei que ele ia sair pela boca e cair no chão. Rapidamente tentei me ajeitar. Ela veio, veio, veio e sentou do meu lado. Santo Deus, isso estava mesmo acontecendo? Do jeito que eu imaginei todo esse tempo? Quando eu estava controlando a respiração e já ia abrindo a boca pra falar com ela, eis que ela fala primeiro:

- Oi, você viu um rapaz alto, bem branquinho do cabelo preto passando por aqui?
- Hã, er. Branquinho? - Queria morrer logo depois que abri a boca pra falar isso.
- É, bem branquinho. - Ela sorriu. Devia estar pensando que eu tinha algum tipo de retardo.
- É, bem, não vi não.
- Olha, ele está vindo ali! - Ela se levantou fazendo sinal para o tal sujeito branquinho.

Ele chegou e não a beijou. Ótimo, não eram namorados.

- Fui ao banheiro e quando saí não consegui te encontrar. Acabei me perdendo... Esse lugar é enorme. - O cara falou enquanto se sentava entre mim e ela.
- Tudo bem. - Ela deu um sorriso enorme e colocou a mão na coxa dele. Não estavam mais parecendo ser somente amigos. - Você disse que queria me falar algo, mas aí foi ao banheiro... O que era?
- Isadora, é, eu queria esperar, fazer algo mais elaborado, mas vai ser assim mesmo. Eu te amo e quero passar o resto da minha vida ao seu lado. Eu vou fazer de tudo pra ser o homem por quem você vai se apaixonar cada vez mais todos os dias. Eu detesto gatos, mas por você eu aprenderia a conviver com eles em uma casa, a nossa casa. Eu quero você pra ser minha esposa. Quer casar comigo? - Disparou ele. Nem ao menos respirou no meio das frases.

Tossi, tive uma crise de tosse, na verdade. Eles me olharam tipo "Você está ouvindo nossa conversa?". Peguei minhas coisas e saí dali o mais depressa que pude. Puta que pariu, ele a pediu em casamento ali, no pátio da faculdade, ali no meu banco, no banco onde a minha história com ela iria começar. Ali do meu lado. Fui me afastando, sem pernas, sem ar, sem sentir o chão. E tudo o que eu tinha planejado? E o futuro que eu imaginei para nós dois tantas vezes? Ela vai aceitar se casar com o cara que não gosta de gatos. Eu gosto de gatos, ela podia se casar comigo. Olhei para trás e ela estava com o braço direito esticado, olhando o tal do anel provavelmente muito brilhante. Estava chorando ao mesmo tempo que ria. Estava tão linda e parecia indescritivelmente feliz. Os dois levantaram e se beijaram embalados em um abraço. Ajeitei minha mochila no ombro, os livros no braço e fui para minha sala.

Daquele dia em diante eu continuei a vendo todos os dias, mas nunca mais tornei a sentar naquele banco. Um ano depois eu me formei, nunca mais a vi. A vida foi passando, conheci outras garotas, namorei três (só Deus sabe como) e acabei me casando com a terceira. Comprei uma gata e a nomeei Isa. Amava minha esposa, mas no fundo, no fundo, nunca fui capaz de esquecer Isadora.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Apenas diga a si mesmo: "eu vou ficar bem"

Se eu pudesse você sabe que eu te salvaria. Daria o mundo e tudo mais o que estivesse ao meu alcance para poder te retirar desse buraco negro que só te suga um pouquinho a cada dia.
Você sabe que eu não gosto disso, dessa situação horrorosa, eu não gosto do que ele vem fazendo com você. Eu detesto te ver feliz em julho, com sorrisos que parecem filhos de um milagre e daí que em agosto uma onda de desespero e agonia te derrubam e você fica aí se afogando. Nem gosto de te ver nesses momentos porque seus olhos me contam as histórias das noites em claro, as lágrimas que tanto molharam fronhas, mangas de casacos, sua expressão grita me dizendo que todas as suas forças já se foram e você tá lutando Deus sabe lá como.

Eu queria te embalar em abraços fraternais, queria que meus abraços fizessem essa droga toda desaparecer de uma vez por todas. Queria te apresentar o cara mais gato da face da terra, alguém que poderia te curar e dizer "TOMA, ESSE É SEU. AGORA ESQUECE AQUELE GORDO BABACA", mas infelizmente eu não posso, sis.
Estou seriamente preocupada e de mãos atadas. O que eu posso fazer pra te tirar disso? Tudo TUDO T-U-D-O o que eu tinha pra falar eu já disse. Todos os conselhos eu já te dei. O meu apoio você sabe que tem, agora é com você.

Pula. De uma vez por todas, pula. Para de tentar se equilibrar. Ele não vale seu esforço. Amor nenhum vale uma vida de constantes momentos infelizes. Não quero isso pra você, sis. Sei que não faço ideia da dor que você deve estar tendo que suportar, mas você não está sozinha. Eu estou aqui te pedindo pra não se entregar. Lute, lute pra ganhar, lute com todas as armas que estiver em seu alcance. Eu não vou te abandonar. Essa é a batalha final, deve estar sendo incrivelmente doloroso, mas segura minha mão, eu estou aqui do teu lado. Me diz como eu posso atacar, como eu posso ajudar. Conta comigo. Sou sua irmã e estou aqui para isso. Se apoia em mim que eu te ajudo a seguir.
Você pode construir tudo de novo. Acredito que essa fase já está chegando ao fim e daqui pra frente as coisas serão diferentemente maravilhosas. Eu acredito. Você também acredita, não é? Só não se renda. NUNCA.
Por mais que esteja difícil, você sabe que pode contar comigo, sua irmã, sua sis, a Róri, essa que se faz rocha pra suportar minhas dores e as suas dores também, se preciso for. Dê o seu máximo que Deus cuidará do resto. Estamos entendidas?



sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Epifania

A vida está tão corrida agora, mais que corrida, tumultuada. Não tenho tido tempo pra nada, nem mesmo para meus momentos "séries de TV" ou "filme cultural da semana" ou até mesmo deitar em minha cama, relaxar a mente e ler pelo menos um capítulo de um livro não didático por noite. Automatizada. É isso, estou automatizada. Acordo, faço isso deixo de fazer aquilo, tomo café, saio de casa, esqueci alguma coisa, volto, saio de novo, pré vestibular, fala com fulano, presta atenção na matéria tal, desço, tiro xerox, volto, contas, textos, concentra, desconcentra, lembro de alguma coisa, rio sozinha, foco, exercícios, almoço, bate perna, vai pra lá, volta pra cá, olha pro céu, aula, tira dúvidas, matéria chata, sono, blábláblá, desperta, concentra de novo, fim da aula, café, aula de específica, lembrar do maldito "DE ACORDO COM A IMAGEM", cansaço, pânico, questões, mente pesada, corpo cansado, fim do dia, volto pra casa, banho, comida, cinco minutos de máfia, dois de twitter, caindo por cima do teclado, cama, livro, opa dormi. Acordo, faço isso deixo de fazer aquil...
E acontece que eu não tenho tempo pra pensar na vida, nas mudanças radicais, no futuro. Quando ainda assim por alguma obra do destino eu me desligo do 220 e reflito dois segundos, já bate o desespero e corro atrás de um Ramalho pra resolver uns exercícios de física e depois crio um texto maluco sobre o amanhã incerto que me apavora.

Mas acontece que essa semana eu sentei sozinha no pátio do clube onde tenho aula. Eu e a minha maçã que seria meu almoço do dia. Nas últimas mordidas uma semente caiu no chão de pedra e por reflexo eu acompanhei com o olhar. Daí que aconteceu. Eu olhei pro chão e ali estava a semente da maçã. Puf: uma avalanche de coisas passaram pela minha cabeça. Tudo tão rápido, mas tão bem definido. E se eu não tivesse entrado nesse curso? Se eu tivesse por acaso optado por estudar sozinha? Eu nunca conheceria o Andy ou a Bianca ou a Guísella ou a Raphaella ou a Emylli? E se eu entrasse em outro pré vestibular? E se eu tivesse passado para a faculdade no semestre passado? Eu estaria agora entediada e sem nada para fazer em casa? Gente, a essa altura eu não consigo me imaginar em casa de bobeira nem mesmo meia hora! Eu nunca tinha parado para pensar que aquele pré vestibular me trouxe tantas coisas boas. Olhando para a semente ali naquele chão eu percebi que dois mil e doze não está sendo essa catástrofe toda. Quem diria que eu poderia um dia dizer isso, mas está sendo bacana. Seis meses já foram suficientes para eu dizer com certeza que eu gosto daquele lugar. Por mais que eu tenha ficado arrasada em não ter passado esse ano, e ter desejado com cada célula do meu corpo que tudo isso passasse correndo, agora sou obrigada a admitir que dois mil e doze e aquele pré vestibular me trouxeram sim coisas muito boas. Experiências e pessoas maravilhosas.

Agora dois mil e doze está fazendo mais sentido no contexto geral da minha vida e a cada dia mais estou acreditando que o que é pra ser é na hora que tem que ser. Não adianta afobação, ansiedade, lágrimas e birras. Temos mesmo é que aproveitar os momentos e tentar enxergar o que de bom nos acontece todos os dias e não percebemos. Nos agarrar às belas coisas pequeninas que aparecem do nada, como aquela chuvinha no fim do dia ou àquele "Deus te abençoe minha filha" que senhorinhas desconhecidas geralmente nos dizem quando simplesmente sorrimos e atravessamos a rua ao lado delas. Agradecer pelas aulas de literatura, pela terceira fase modernista e parar de reclamar de Clarice, a Lispector. ♥

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Sonho de vida fervente

"But I only needed one more touch
Another taste of heavenly rush
And I believe, I believe it so
And I only needed one more touch
Another taste of divine rush
And I believe, I believe it so"

"E eu preciso de mais um toque
Outro sabor de ímpeto celestial
E eu acredito, acredito tanto
E eu preciso de mais um toque
Outro sabor de ímpeto divino
E eu acredito, acredito tanto"

Breath Of Life - Florence and The Machine

Sexta feira estava eu passando um frio do cacete na aula de específica de geografia. No meio daquele meu "escuto o que o professor está dizendo, mas não tiro o olho do papel porque estou anotando tudo freneticamente" parei para dar atenção especial a um conceito totalmente gay e mimimi do mundo da geografia.
"Lugar é todo espaço onde o ser humano possui apego, cria laços emocionais, é o espaço que ele pode chamar de casa."
Eis que sábado eu saio da minha cidade, onde passei toda a minha vida e vou para o litoral. Já fui a esse mesmo espaço tantas vezes antes, mas dessa vez voltei com a vontade de chamar aquele espaço de lugar, de meu lugar.

Estou morrendo de medo. Estou muito empolgada. Estou assombrada. Estou ansiosa. Percebi que estou no lugar errado. Por mais que eu goste da minha casa, algo me diz que eu não sou daqui, não pertenço a essa cidade e essa cidade não me pertence, esse não é o meu lugar. Estou com a oportunidade em mãos de mudar tudo, a minha vida inteira daqui para frente e estou com medo de fracassar, colocar tudo a perder. A decisão do meu futuro cabe somente a mim e isso me assusta porque se tudo der errado eu não posso simplesmente apontar para minha irmã mais nova -por exemplo- e dizer "A culpa foi dela". A responsabilidade é somente minha e isso está pesando muito ultimamente.

Tenho somente dezessete anos, mas anseios e planos para toda uma vida. A vontade de agarrar tudo em meus braços, de viver tudo de uma vez, de experimentar, dizer que sim, me aventurar, me atirar. Porém algo me segura pelo calcanhar todas as vezes, algo nessa cidade me faz perder a vontade de só sair por aí e encher meu pulmão de ar, sentir a brisa no meu cabelo, algo aqui me faz perder a tenacidade. Algo aqui só me faz querer ficar trancada em meu quarto ouvindo minhas músicas, lendo meus liros e escrevendo devaneios, não que seja ruim, mas a vida é bem mais que isso.
Esse final de semana eu senti, eu vi, eu vivi, eu toquei, eu fechei os olhos e enxerguei o futuro. Os acontecimentos recheados de frenesi influenciaram também, mas foi mais que isso. Uma luz veio e se alojou em minha mente. Iluminou todos os outros pensamentos sombrios que eu andava tendo. Até a solidão que vem me assolando ultimamente ganhou uma nova roupagem. Percebi que não estou sozinha só porque tenho andado sozinha. Percebi que coisas incríveis podem acontecer se você só permitir que a vida faça a mágica dela em você.

Eu não posso deixar passar, eu tenho que me agarrar com toda a minha alma, tenho que dar mais do que eu puder dar. Estou tão perto agora que quase posso tocar, fecho meus olhos por dois segundos e já posso ver o que me aguarda. Eu quero ir para o espaço que eu possa chamar de meu lugar, um lugar que me abrigue, que seja minha casa, lugar onde eu possa me sentir encaixada. Lugar onde eu possa pertencer de corpo, alma e mente. Eu venho precisado disso faz tempo, mas a ficha só caiu nessas ultimas horas.

Tentar mudar para ter um bom futuro, abraçar o meu lugar, expandir meu horizonte e criar novas perspectivas é a coisa mais importante, mais séria e decisiva com que eu já lidei na vida. Acho que é cedo pra tanta responsabilidade, que tudo isso pode vir aos poucos e mais tarde, mas eu tenho a minha chance agora e eu preciso fazer que isso se torne real, palpável. Eu vou conseguir, falta tão pouco! EU VOU CONSEGUIR. vocês vão ver.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Somente eu, eu mesma e eu.

Depois de mais uma semana que se passou incrivelmente rápido, depois de me recuperar de um trauma ocular (um inseto não identificado veio voando das terras longínquas do leste e resolveu aterrissar no meu olho direito, causando grande estrago), depois de estudar demais e almoçar maçãs todos os dias, resolvi que ontem, domingo, eu iria ao cinema sozinha. Sim, isso mesmo. Não me dei o trabalho de ligar em cima da hora para algum amigo me fazer companhia, não entrei na mesma sessão em que minha mãe e minha irmã estavam, eu resolvi ver um filme sozinha.

Eu nunca tinha feito isso antes. Deve ser porque sempre achei muito coisa de pessoas solitárias, daquelas que realmente não possuem ninguém para acompanhá-las a uma simples ida ao cinema. Mas ontem eu tomei coragem e fui. Comprei meu ingresso para a sessão das seis e meia da tarde, entrei na sala de cinema companhada somente do meu saco de pipoca bem quentinha. Quebrei um outro padrão ao escolher um bom lugar no centro da segunda fileira mais longe do telão, aquela que fica lá no alto. Diferentemente das outras vezes em que sempre escolhia o centro da sala.

Ao atravessar a sala ainda com aquela meia luz acesa, algumas pessoas me olharam meio torto, provavelmente elas também pensam que ir sozinho ao cinema é coisa de gente abandonada e chateada com a vida. Acho que ouvi o menino da primeira poltrona da minha fileira comentar com o amigo "ué, tá sozinha", quando eu passei por eles para chegar ao meu lugar, mas deve ter sido coisa da minha cabeça. Eu estava meio nervosa quando cheguei, mas graças aos céus, o trailler já tinha começado, então não precisei ficar olhando para uma tela escura enquanto todos ao redor conversavam e riam e se beijavam.

Não deu nem cinco minutos para eu me sentir totalmente a vontade. Sentar lá em cima é mágico, parece que ninguém está tendo uma visão tão privilegiada quanto você. Passaram-se os traillers e o filme começou. Imediatamente esqueci que eu estava ali sentada no meio de dois casais, fiquei tão concentrada no filme que nem me lembro se eles ficaram de pegação do meu lado. Só fui recordar que estava sozinha quando inutilmente estava tentando catar pipocas no fundo do saco, mas já essas já tinham acabado, aí me bateu uma pontadinha de raiva porque não tinha um amigo do lado para eu roubar a pipoca dele. Mas fora isso correu tudo na mais perfeita harmonia.

Foi um filme relativamente grandinho, mas eu ficaria mais duas horas assistindo se fosse necessário. O incrivelmente incrível Andrew Garfield está realmente se destacando e ao que parece TEM MAIS FILMES VINDO POR AÍ. ~Para nossa alegria~


Sabe galero, foi muito bom sentar lá naquele escurinho e dar minhas típicas risadas debilóides, coisa que não fazia há tempo. Me emocionar com coisinhas babacas sem ter que escutar o acompanhante me chamando de chorona. Foi bom tirar umas horinhas para mim, relaxar e esquecer um pouquinho do corre corre. E querem saber de mais uma coisa? Vou passar a me aproveitar mais. Descobri que sou ótima acompanhante para mim mesma! Tentem vocês também, faz bem! rs.



sábado, 21 de julho de 2012

Do jeito que eu quero

Daqui
"Uhhhh, o estilo é romântico, é o romantismo!"

A aula de literatura dessa semana mudou minha vida. Tá, não foi nada "óh, mas que coisa", mas foi chocante -pelo menos pra mim-. Deve ser porque eu levo essa coisa de gêneros literários pra minha vida, de verdade... Segunda geração romântica, então! Fico derretida. Mas em fim, minha professora, que, do jeito dela, é um amor de pessoa, chegou na sala munida de um violão. Deu a matéria e depois se pôs a tocar e a cantar uma paródia que ela escreveu na época em que ainda era vestibulanda. Tudo para nos ajudar a lembrar as fases do romantismo. A tal paródia é da música "Como eu quero" do Kid abelha. Depois de cantar, tocar, rir e aprender a matéria, começamos a falar da letra original da música.

"UHH EU QUERO VOCÊ COMO EU QUERO", percebeu? Não tem vírgula!!! Meu, não tem vírgula! Isso muda t-u-d-o. Aquela vírgulazinha que ~não existe~ ali entre o você e o como muda o sentido de "uhh eu quero você, como eu te quero meu amor, te quero tanto" para um "uhh eu quero você do jeito que eu quero, então é melhor seguir o que eu estou falando pra se dar bem". Fado engano. Meu mundo caiu. Me senti A burra ignorante master do universo. Eu achei que tinha uma vírgula.

Depois desse choque cheguei em casa e tratei de ir analisar direito a letra. Percebi que ela faz mesmo MUITO MAIS sentido sem a vírgula ali entre aquelas duas palavrinhas. O eu lírico, se assim posso dizer, é totalmente feminino, a música inteira é praticamente aquele grito inflamado que nós mulheres temos dentro do peito. Sabe quando a gente está ~in love~ por aquele rapaz, mas ele "podia ser melhor"? Automaticamente e acho que até mesmo inconscientemente começamos a mudar isso e aquilo nele, ajeitamos o corte de cabelo, trocamos o guarda roupa, ensinamos a se comportar e a falar, alteramos o estilo musical, dentre outras coisinhas e voilà, ele estaria perfeito se essas mudanças não fossem apenas fruto de nossa imaginação. "Mas ele bem que podia ser do meu jeito...", pois é.

Não podia ser diferente. Mulher tem mesmo essa mania de achar que o homem só vai ser completamente e suficientemente bom quando passar a seguir o que a gente diz, porque no final das contas é o certo e acabou. "O que você precisa é de um retoque total. Vou transformar o seu rascunho em arte final...". Aquela velha teoria: por trás de um grande homem existe uma grande mulher. Acredito que isso é uma boa verdade. Mulheres centradas e inteligentes sabem como fazer um homem crescer, não adianta, tem coisas que só nós conseguimos mudar em um homem, aqueles pequenos detalhes que fazem diferença.

Uma letra toda trabalhada no imperativo, "DIZ", "FAZ", "TIRA", ordens e quase ameaças, do tipo que só NÓS MULHERES somos mestres em fazer... "Longe do meu domínio cê vai de mal a pior. Vem que eu te ensino como ser bem melhor...", "Agora não tem jeito cê tá numa cilada", SANTO DEUS, COMO EU NÃO PERCEBI ISSO ANTES? Nunca existiu uma vírgula ali...

-Tem um vídeo do Leoni cantando em uma outra versão essa música (aqui), que explica facilmente o verdadeiro sentido da letra sem precisar recorrer a essa confusão de vírgulas da qual eu fui vítima, rs.-

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Sobre como será quando tudo mudar

Quando tudo mudar eu vou querer tudo mudado. Quero uma revolução interna e externa.
Eu vou querer mais inspiração para criar textos que versem sobre o canto dos pássaros na minha janela. Eu vou querer mais sensibilidade para ouvir uma música e escrever poemas, para olhar nos olhos de uma pessoa e dali extrair teorias de suas vidas. Eu vou querer mais paz, paz para escrever em paz, falar de guerras, de vitórias, de escombros e recomeços. Eu vou querer mais cor para respingar no mundo, sair desse preto e branco que anda me assolando. Eu vou querer mais noites onde eu fique observando o luar, olhando as estrelas com a minha irmã e fingindo saber as constelações. Eu vou querer mais dias alegres, tipo aqueles em que a gente brincava de roda na rua, beijava na chuva, rolava na grama. Eu vou querer mais criatividade pra redecorar meu quarto, escrever um roteiro, criar cenários. Eu vou querer mais ousadia pra sair com uns jeans destruído, cantar um rock e beijar uns baixistas. Eu vou querer mais solução para questões das provas difíceis, para aplicar na minha vida. Eu vou querer mais liberdade para amar de verdade e não ter que andar sempre com meus pés no chão. Eu vou querer mais sintonia entre pessoas e pessoas, entre humanos e ambiente, entre seres, entre a gente. Eu vou querer mais fé pra acreditar que tudo nesse mundo pode dar certo, que Deus está sempre perto e que não tenho nada a temer. Eu vou querer mais companheirismo para reforçar amizades, para unir pessoas. Eu vou querer mais madrugadas em claro, seja rolando na cama relembrando momentos ou na rua, criando os momentos. Eu vou querer mais noites dormidas para acumular sonhos e devaneios, relaxar corpo, alma e mente. Eu vou querer mais conhecimento para saber de tudo um pouco, me tornar experiente. Eu vou querer mais caras bonitos para chamar de meu, de amigo, de amante, de irmão, de marido, de parceiro, de querido. Eu vou querer mais dinheiro pra gastar, pra ajudar, pra investir na bolsa de valores, pra ajudar a trazer felicidade. Eu vou querer mais vermelho pra borrar meus lábios, tingir minha calça favorita, pintar as unhas.
Quando tudo mudar, o mundo será um lugar melhor, com pessoas melhores, com dias melhores.
Eu acredito na mudança porque eu acredito na humanidade. Eu acredito que ainda podemos ser humanos e não apenas coisas. Lutar pelo coletivo e não apenas pelo individual. Acredito que lááá na frente, olharemos para trás e veremos que conseguimos fazer a diferença. Enquanto ainda estamos mergulhados nessa coisificação, enquanto eu e mais alguns ainda gritamos, mas ninguém parece escutar, enquanto tentamos mudar pequenas coisas a cada dia, ficarei aqui sonhando sobre como será quando tudo mudar.


Esse é mais um meme da máfia. Dessa vez tínhamos que reciclar um título criado por outra blogueira.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Adiamento

Fiquei pensando nessa minha mania de deixar tudo para a última hora, tudo para depois, até que lembrei desse poema de Álvaro de Campos. "Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser. Só depois de amanhã..." Mas se amanhã eu quero ser algo que não sou hoje, devo começar a tentar mudar isso desde já, correto? Mas cadê que eu coloco os planos ação? Fico aqui só imaginando como será o amanhã, sentindo o sono da minha vida real. Ah Álvaro, como seus poemas me tocam a alma!

Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjetividade objetiva,
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um elétrico...
Esta espécie de alma...
Só depois de amanhã...
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-rne para pensar amanhã no dia seguinte...
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...

Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
Só depois de amanhã...
Quando era criança o circo de domingo divertia-rne toda a semana.
Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância...
Depois de amanhã serei outro,
A minha vida triunfar-se-á,
Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático
Serão convocadas por um edital...
Mas por um edital de amanhã...
Hoje quero dormir, redigirei amanhã...
Por hoje, qual é o espetáculo que me repetiria a infância?
Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã,
Que depois de amanhã é que está bem o espetáculo...
Antes, não...
Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei. Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser.
Só depois de amanhã...
Tenho sono como o frio de um cão vadio.
Tenho muito sono.
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
Sim, talvez só depois de amanhã...

O porvir...
Sim, o porvir...

Álvaro de Campos


domingo, 24 de junho de 2012

Daí que é amor eterno



Daí que tenho uns rompantes de saudade de vez em quando. Fico lembrando das bizarrices, das conversas, das crises, das gargalhadas, das andanças, dos segredos e tudo parece tão distante. Acho que distante estou eu, distante sou eu. Essa pecinha que tem um amassadinho na pontinha que nunca deixa que haja um encaixe perfeito em nada, se forçar um pouquinho até consegue se adequar ali e aqui, mas com vocês é diferente. Com vocês eu posso ser até amassada por inteiro que ainda assim dará certo, que ainda assim vou me sentir pertencente a algum lugar, porque com vocês eu me sinto realmente em condições normais de temperatura e pressão.
Mas acontece que nessas andanças da vida eu estou me sentindo perdida, meio nem pra lá nem pra cá, duvidosa, incerta, chatiadinha, chatinha... e está sendo estranho não ter nenhum dos três em horário quase que integral comigo como era antes. Estranho não conseguir criar a mesma sintonia que eu tenho com vocês com outras pessoas. Simplesmente estranho saber que vocês estão se mudando, isso me causa aquela sensação de pré pânico ao pé do estômago. Sei que a gente não vai se perder, que nada vai mudar, que não há como cortar os laços que demos, desfazer os nós que apertamos com tanta força ao longo desses três anos (graças aos céus). Mas eu sou paranoica mesmo.
E aí que esse final de semana eu queria tanto, mas tanto, mas tanto dizer que amo a gente assim, juntos, zoando uns aos outros, fazendo piada de tudo, conspirando contra a oposição, dormindo de conchinha (?), rs... mas eu não falei nada, eu não falei nada porque, sei lá, me sumiram as palavras, dizer "nossa, como eu amo vocês" me pareceu tão clichê na hora, tão comum, tão "tá bom, Loren, senta lá". É que estou muito emotiva ultimamente, muito em busca do meu eu, muito resolvendo o que eu quero fazer da vida, muito precisando de três pares de ombros, de ouvidos e braços para me abraçarem, me embalarem, me dizerem que está tudo ok. E adivinhem só, queria vocês sempre por perto. Queria que a Priscila morasse na frente da minha casa e sempre me desse aquele bom dia animado e abraço apertado, sempre com o coração aberto para ouvir e aconselhar. Queria a Thaís morando aqui do meu lado, para ela vir aqui na minha casa, ficar rodando o facebook atrás dos top top gatos da cidade e arredores, passar tardes rindo e pintando as unhas. Queria que o Nathan morasse aqui na minha esquina para eu ir lá chorar meus conflitos, para ele me olhar com aqueles olhos de "não sei o que te dizer, mas estarei sempre aqui", para falarmos de bandas, seriados, atores, filmes e todas aquelas coisas que nos parecem normais, mas quase ninguém parece entender.
Mas mesmo em meio a essas melancolias, eu estou feliz, feliz por todos estarmos conseguindo progredir, feliz porque mesmo fisicamente distantes, somos muito próximos, muito unidos, muito muito, rs. Não importa os caminhos, não importa o tempo, nem os obstáculos, a gente vai sempre se encontrar por aí. E o que eu não tive coragem de dizer nesse fim de semana, por achar clichê e sem graça, eu digo agora, assim, por palavrinhas mesmo, simples e discreta: eu amo vocês porque vocês me completam e me deixam completar vocês mesmo eu sendo assim, amassadinha, rs.





quarta-feira, 13 de junho de 2012

Apenas o fim, o dia em que um filme salvou meu dia dos namorados.

Acordei com aquela sensação estranha de que estava fazendo tudo errado, quase voltando atrás em tudo o que eu digo e me entregando ao romancismo barato, aos mimos, aos carinhos, mas respirei fundo e fui levando o dia. Os casais na rua não me incomodavam, nem as flores que os homens carregavam para provavelmente presentear a amada quando ele fosse buscá-la para jantarem juntos, porém as explosões de corações de pelúcia de braços abertos que diziam "eu te amo um tantão assim" que vinham das lojas me fizeram ficar enjoada. Cheguei no pré, Andy estava lá com cara de cão da depressão (não o culpo). No intervalo comprei uns chocolates bem enjoados e minha vida melhorou um pouco.
Chegando em casa, fui assistir ao filme Apenas o Fim, que o Andy tanto insistia para que eu visse. Pois é, é isso aí. Quando os créditos finais começaram a subir eu me senti completamente diferente, como se eu estivesse mesmo fazendo o certo. Porque é exatamente daquele jeito que eu me vejo em um futuro não muito distante. Alguém pra andar e andar pelos corredores da faculdade onde vamos nos conhecer. Nós vamos caminhar muito, sentar em bancos e escadas e conversar conversar conversar e conversar sobre nós. Deitados em uma cama de solteiro, vamos discutir sobre filmes, boy bands, estilos, ovos de páscoa, músicas, sites, nossos devaneios vão se encaixar, vamos discordar de tudo o que o outro falar. Ele pode usar um All Star verde, blusa de gola polo, óculos do avô, colecionar bonequinhos e ainda assim eu vou ter vontade de gritar que ele é meu namorado, que ele é o pai dos gêmeos que estou esperando e que vamos nos mudar para a Bahia. Um cara que vai completar minhas histórias, que vai escrever comigo, talvez por mim e pra mim. Que vai dizer que eu sou a garota mais maluca que ele conhece, mas também a mais incrível. Que vai aparecer nos meus sonhos como um herói, que vai me salvar das criaturas mais bizarras que habitam o meu subconsciente. Que vai me provar que no fundo eu escondo uma garota adepta ao amor clichê que todos falam e vivem por aí.




E o mais legal de tudo é que tem um fim. Não um fim apoteótico, grandioso, tipo final de filme, rs, apenas um fim. E isso é a essência do amor, a minha essência em relação ao amor, essa coisa que eu tenho de acreditar que não precisa ser para sempre, até que a morte nos separe, mas que seja para sempre até o nosso fim, até o dia que eu resolva ir embora, até o dia que seja preciso uma mudança, até apenas o fim.
Eis que meu dia dos namorados foi salvo! Me dei conta de que eu não preciso dizer que sim para nenhum desses que me chegam com fofices declarando amores inevitáveis e saudades eternas. Que eu não preciso entrar em nada sério só porque o cara é legal, meu amigo e diz que me ama há muito tempo, porque no fundo eu sei que não vai ser o filme que eu quero viver. E outra, algo está me dizendo que a partir de agora não falta tanto assim para aparecer o protagonista do meu filme, que tudo pode sofrer grandes alterações, que daqui a duas semanas minha vida pode ser totalmente diferente.




"Sabe, não combina com você esse perfilzinho de menina má. Isso não combina...
Você é uma fraude sabia? Pronto, falei, você cê é uma farsa, uma farsa bem bonitinha, você é uma farsa, tá?"

quinta-feira, 24 de maio de 2012

You have bewitched me, body and soul

Esse texto será curtinho, sobre um pensamento rápido que me ocorre todas as vezes que vejo o filme Orgulho e Preconceito.
Pois bem, eu sei o que eu tenho dito. O discurso que eu tenho feito. A teoria que eu venho tentando aplicar na vida prática. Essa coisa do "me beije, não me ame", do "não ao status de relacionamento sério" e todas essas aversões aos nós em meus relacionamentos. Tenho dito que por agora só quero alguém que tenha um jeito canalha de ser, do tipo que não vai puxar uma conversinha qualquer no facebook, que não vai me mandar sms, que vai sair pela noite e não vai me avisar, que vai me matar de raiva, que vai sumir no mundo, alguém que eu não tenha que me preocupar em não magoar. Por agora eu realmente quero isso por questões muito simples. Primeiro porque estou em um momento importantíssimo da minha vida, tentando focar todas as minhas energias em estudar para passar no vestibular. Segundo que nessa fase em que me encontro eu sei que não tenho estrutura emocional para lidar com relacionamento sério, essas coisas de carinho, zelo, compreensão, atenção, paciência, fofices e tantos outros blás... até porque eu nem quero entrar em uma dessas com esses meus poucos dezessete anos.
Mas eis que surge a minha exceção. Mr. Darcy. Sim, o sujeito de Orgulho e Preconceito. Toda vez que vejo o filme, vou lá e me derreto por aqueles olhos, por aquela expressão sisuda e vou mais além. Eu olho para aquele Mr. Darcy arrogante, rico toda vida, preconceituoso e com ar de superioridade e construo uma cópia dele só pra mim, que pode até ter todas essas características emocionais, mas que no fim da história ele vai correr pelo campo e dizer que largou tudo por mim e não pela Lizzie, rs.
Sou uma adolescente e seria hipocrisia dizer que não quero um amor pra vida inteira. -EU QUERO!- E se fosse o Mr. Darcy eu iria querer até mesmo agora, não o deixaria ir, afinal ele é minha exceção. Eu largaria todos pelo MEU Mr. Darcy, todos esses bonitinhos e convencidinhos, todos esses canalhas. Tenho consciência que o melhor é que o meu Darcy apareça em minha vida lá pra frente, quando eu tiver maturidade suficiente e responsabilidade para saber lidar com essa coisa de amor ardente.


(Daqui)

Eu simplesmente não aguento aquele olhar, aquele misto de franqueza, frieza, bondade, orgulho, generosidade, superioridade, riqueza, humildade... aqueles gestos, o modo de expressar os sentimentos. Acho que é por isso que eu amo Orgulho e Preconceito, porque eu consigo acreditar e enxergar que existem príncipes encantados que não são tão encantados assim, mas que ainda podem ser o amor de nossas vidas, ao contrário do que pregam os contos de fadas tão fantasiosos -rs- onde o príncipe é um herói loiro, montado em seu alazão, com carinha de bebê, livre de defeitos.
E eu quero isso mesmo.. que na hora certa me apareça meu Mr. Darcy cheio de defeitos que eu vou amar e que vai amar aos meus defeitos também. Que não vai calçar um sapatinho de cristal em mim, mas me dirá as palavras certas. Que não vai me despertar de um sono profundo, mas vai me provar por ações que eu sou importante para ele. Que vai me conquistar sem que nem eu mesma perceba e me provar que eu posso sim ser muito melhor ao lado de alguém como ele. Aí sim eu vou deixar que ele entrelace os dedos dele nos meus e me puxe pela cintura para que eu me aninhe em seu peito. Aí sim eu vou saber que essa história de eu ser ~melhor sozinha~ é só uma desculpinha barata que eu criei por não ter encontrado ainda o Mr. Darcy amor da minha vida.


(Daqui)

terça-feira, 22 de maio de 2012

Para fora do meu corpo e além!

Frequentemente eu tenho a mania de partir de uma coisa boba, criar uma tese e depois pensar demais. Eu penso demais, crio argumentos demais, me engano e me desengano todo o tempo. E foi de um desses meus devaneios que surgiu esse texto, que sinceramente eu tentarei organizar e encaixar as ideias da minha cabeça de forma que as palavras não fiquem tão confusas. Não acho que eu vá conseguir, mas quero compartilhar isso com vocês, mesmo que depois alguém me atire um tomate na cara e diga que estou ficando maluca. A vida segue.

Uma conversa que tive esses dias me fez ficar pensando em como a maioria das pessoas estão ficando vazias, mais do que isso, me fez ficar construindo e desconstruindo teorias do porquê de as pessoas estarem ficando -supostamente- vazias. Você deve estar se perguntando "Mas vazias de que?", eu respondo, vazias de si mesmas. Vou tentar explicar melhor.
Muitas vezes quando conhecemos alguém que nos parece ser legal, e o que sabemos sobre essa pessoa se resume ao seu nome, idade e algumas crônicas de amor, acabamos por construir uma perfil para ela, imaginamos coisas, idealizamos lugares, sorrisos, filmes, livros, cantores favoritos e até mesmo o possível modo da pessoa pensar e agir diante de certas situações (ou isso é uma coisa que só eu e meu amigo do pré fazemos?). Tudo perfeito até que a pessoa em questão vai aos poucos desconstruindo toda a imagem magnífica que você fez dela e isso meio que nos desilude. Triste não? Não! Temos que aprender a lidar com isso. Ninguém nunca vai ser do jeito que esperamos, nunca irá fazer exatamente aquilo que queremos, nunca irá atender a todas as nossas expectativas, ao contrário, a tendência é que nos frustremos mesmo. Afinal, cada cabeça é um mundo, já diria minha vó... Acho que isso é o que chamam de "aprender a conviver em sociedade", nos frustrar com as pessoas e mesmo assim seguir sem nos deixar abalar por isso.
Mas o que isso tem a ver com a maioria das pessoas estarem ficando vazias? Justamente o fato de imaginarmos indivíduos que são diferentes dos outros e na verdade nos mostram ser uma coisa totalmente diferente, geralmente pertencentes e seguidores de um padrão imposto pela sociedade. A sensação é que eles não possuem nada a acrescentar em nossa vida, como se fossem cópias quase que fiéis das tantas demais pessoas que conhecemos todos os dias, com as mesmas ideias, teorias, gostos e argumentos, como se não houvesse nada singular dentro deles, nada que os fizessem transbordar e ir ao nosso encontro, nada que nos fizesse querer aprender algo com eles, nada que nos chamasse a atenção por ser novo, mágico. Parece que todos estão caindo na mesmice, estamos nos tornando uma geração de pessoas iguais. E isso está ficando chato.
Porém, continuei pensando melhor. Pensei tanto que no fim entendi que não há esse tal vazio. Não é possível que todas as pessoas, mesmo que sigam o tal do "padrão social", sejam assim, todas sem graça... Cheguei a conclusão de que mesmo que alguém seja "igual" aos demais, sempre haverá algo que vai nos diferenciar, pois cada um de nós é um ser humano diferente, que foi criado, educado e influenciado de formas diferentes, que aprendeu, viu, teve contato e experiências com coisas distintas. E me apropriando aqui de uma verdade física, tudo depende do referencial, e no caso, o referencial sou eu. Talvez EU esteja querendo cobrar demais das pessoas que me cercam, talvez EU esteja com muita sede do novo, do inusitado e estou meio que achando todo mundo muito insossinho ultimamente. Creio que nós nunca vamos conseguir parar de criar expectativas, isso é verdade, mas não devemos nos martirizar por achar que as pessoas são diferentes quando na verdade não são; mas aí que está! ELAS SÃO DIFERENTES! GENTE, AS PESSOAS SÃO DIFERENTES E ISSO É LINDO.
Ano passado, em meio aos tantos devaneios da aula de artes, um texto me chamou muito a atenção. Não me recordo o autor que pensou com tamanha genialidade, mas ele dizia que quando nos comunicamos com alguém saímos de nós mesmos e vamos em direção ao outro, entramos no outro e voltamos para nós trazendo conosco algo desse outro alguém. Percebeu? Ao me lembrar disso me dei conta de que tenho que me desvincular de meus próprios padrões, baixar a guarda e aí sim vou poder perceber que ninguém é completamente vazio. E que nessa vida de ir e vir, levar e buscar um pouquinho de cada um para nós, acabaremos por transbordar coisas boas.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Natalie e Ashton X Mila e Justin

Separar a relação puramente carnal dos sentimentos afetivos é o grande foco dos filmes "Sexo sem compromisso" e "Amizade Colorida" (odeio essas adaptações para o português, mas que seja). O primeiro veio com tudo para dar certo, afinal com Natalie Portman e Ashton Kutcher JUNTOS, o que poderia dar errado? É, deu. Expectativa demais -pelo menos da minha parte- pra nada. O Ashton já é nosso velho muso das comédias românticas e fez o de sempre, fofinho, bom tipo, adorável, mas a Natalie, oh Gosh, a Natalie... em minha humilde opinião -talvez até carregada de um pouco de preconceito- acho que o lugar dela não é fazendo comédia romântica, ainda mais com o Ashton, o lugar dela é fazendo drama, brilhando como fez em V de Vingança, Cisne Negro e até mesmo na história de super heróis, atuando como a mocinha mortal, humana e frágil, a protegida de Thor. Assisti ao filme e senti que não houve química entre Emma (Natalie) e Adam (Ashton), me pareceu simplesmente estranho ver a cena do Ashton com aquele buquê de cenouras para entregar à Natalie. Não que o filme seja de todo ruim, mas se encaixa em uma categoria pessoal: sessão da tarde. Confesso que fiquei chatiadíssima, porque vejo a Natalie Portman como uma excelente atriz e admiro o Ashton Kutcher, mas atuando juntos a coisa simplesmente não fluiu.

(daqui)

Até eu assistir "Amizade Colorida" pensava eu com meus botões que eu não havia gostado de "Sexo sem Compromisso" por causa do enredo, essa coisa de ~amigos amigos, sexo à parte~... Estava enganada. Mila Kunis e Justin Timberlake brilharam juntos e me fizeram amar "Amizade Colorida" mesmo ele tendo a mesmíssima essência de "Sexo sem Compromisso". Divertido, com pequenos conflitos familiares bem estruturados, paralelos aos dois protagonistas, o filme superou as minhas expectativas. Não é aquele clichê sem graça, besteirol ou mais uma comediazinha romântica para assistir no fim de uma tarde chuvosa quando não há nada para fazer... é realmente muito bom!
Engraçado isso, porque o Justin Timberlake mesmo sendo aquela delícia toda cantando com aquela vozinha suave e dançando Summer Love, My love, entre tantos outros singles, não chegou a me convencer em suas aparições nos filmes Alpha Dog e The Social Network, mas a atuação dele em amizade colorida me fez vê-lo com outros olhos. E a Mila, nossa, que inveja, rs. Linda e ótima como sempre tem sido, está provando que é versátil e boa no que faz. Não sei porque, mas Jamie (Mila) e Dylan (Justin) me conquistaram logo na primeira cena juntos... me fizeram ter vontade de assistir o filme até o fim.

(daqui)


E outra coisa muito legal: essa semana eu li um post da Paloma que fala de pessoas que deveriam se juntar em uma só... e lá estavam elas, Natalie a Mila. Concordo com a Paloma que depois de Cisne Negro eu sempre associava as duas e pensava que eram uma só pessoa, como duas partes de um todo. Porém, depois de assistir as comédias românticas de cada uma delas, essa ideia de "unificação" das duas sumiu da minha mente. Agora consigo enxergar cada uma delas sem necessariamente associá-las, mesmo ambas tendo atuado em filmes distintos porém com a mesma base de enredo.
Em fim, senti necessidade de fazer uma crítica aos filmes porque mesmo sendo muito parecidos, me causaram impressões totalmente diferentes. Mas uma coisa é certa, sendo bons, regulares ou ruins os dois possuem algo prazeroso em comum... as nítidas imagens dos bumbuns do Ashton Kutcher e do Justin Timberlake...

domingo, 22 de abril de 2012

Colocando ordem

Eu nem sei o que você está fazendo aqui de novo. Não entendo porque você me manda mensagem dizendo que me ama e não consegue evitar. Não adianta, desse jeito eu não vou acreditar. Palavras não são suficientes para você me convencer. Só porque me viu há duas semanas atrás, rimos e dividimos uma pizza, não quer dizer que eu te dei o direito de reaparecer na minha vida com segundas intenções, não quer dizer que colocar a mão na minha cintura para tirar uma foto tenha despertado um amor reprimido. Perdão, querido, mas eu não vou aceitar isso.
Sabe, a imagem que você está me passando agora -acredite, já ouvi isso de outros- é que você não me ama coisa nenhuma, ACHA que me ama, SE ENGANA que me ama e isso não é bom pra você. Se você realmente me amasse durante esse tempo todo, correria atrás de mim, viria na minha casa, me ligaria, me mandaria mensagens, me perturbaria, me deixaria maluca, se importaria em mostrar para mim que você lave à pena, tentaria me mostrar que eu estou enganada em fugir de compromissos, porque isso me provaria que o que você sente é realmente amor.
Mas o que eu não quero é justamente o que você faz desde que te conheço. Sai por aí chorando pitangas com nossos amigos em comum, e até tenta atribuir a culpa a alguém por algo que foi fruto de uma decisão somente SUA. Chorar e entrar em depressão não vai mais me fazer ficar com peninha, na verdade nem eu nem ninguém. Eu não preciso de alguém para cuidar e mimar, eu preciso é cuidar de mim.
Outra coisa, eu não sou sua. Que mania chata de enfiar um "minha" na frente que qualquer adjetivo direcionado a mim. Eu não sou de ninguém. Ninguém. Eu sou minha e tão minha que eu não te dou o direito de me chamar de sua. Eu não quero pertencer a ninguém por um bom tempo. Eu sou apenas sua amiga e somos bons nisso, em sermos amigos. Você sabe que nunca vou me recusar e te ajudar, te ouvir, eu sempre vou estar aqui com meu ombro amigo desde que você não confunda as coisas e comece a achar que voltou a me amar. "Voltou a me amar", isso soa tão falso.
Pense bem, coloca sua cabeça e coração no lugar. Descobre se é amor ou só é carência e vontade de matar a saudade dos velhos tempos. Só depois me procura e tenta me provar que eu posso ser feliz com você. Me conquista de novo, faça meu coração acelerar ou pare de dar bom dia para minha foto todas as manhãs e se convença de que tudo não passa de um mal entendido do seu coração.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

E aí você entrou na minha vida.

Não vou negar que eu te rejeitei quando me falaram de você. Não sei, acho que foi preconceito, medo do novo. Abominava a ideia de te ter aqui em casa, na minha sala, com todo mundo ali, sentado no sofá, te vendo. Eu gostava das coisas antes, não queria, não queria e acabou. Mas não teve jeito, você entrou na minha casa, na minha vida, no meu coração e mudou todas as minhas concepções de mundo. Eu aprendi TANTO com você, por mais que digam que isso é exagero. Acabou que no fim das contas, durante um tempo, a parte mais legal do meu dia era chegar em casa e ficar ali na sala, só eu eu você. Passar madrugadas a dentro vendo filmes, seriados, documentários... tudo tinha se tornado mais legal, com uma nova perspectiva.
Um dia porém, você se foi, sem nunca haver explicações ou desculpas. Meu coração se partiu, fiquei imaginando como seria minha vida dali pra frente sem você, sem nossos momentos, sem você pra me fazer rir, chorar, me passar todo dia um pouquinho de conhecimento. Meus dias se tornaram mais tristes.
Aí, como se por passe de mágica, chegando da escola em uma noite como outra qualquer, lá estava você, na sala, me esperando. Quis te abraçar, te beijar e nunca mais permitir que te tirassem de mim. Mas você estava diferente, uma versão melhorada, mais bonito, imponente. Naquela noite, ao interagir com você, consegui me apaixonar ainda mais. Você consegue me fazer parar no tempo, acelerar ou voltar nos nossos melhores momentos... eu posso gravar cada segundo importante que eu tenho com você e sempre ver e rever, guardar na memória.
Mesmo estando meio afastados agora devido a minha vida corrida com essa coisa de vestibular, eu sei que você entende e sempre vai estar me esperando, pronto para me ensinar, me divertir, me fazer chorar, refletir, criticar, sonhar...
Obrigada por existir e estar na minha vida, você mudou tudo, para melhor. Muito melhor.
Sky HDTV, eu te amo. Parece que cada dia mais.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Blue Jeans

Jeans azul, camisa branca. Você desceu as escadas e entrou na sala, sua imagem fez meus olhos queimarem. As suas malas na porta esperando para serem colocadas no carro estacionado lá fora. Sentada na poltrona da sala, fechei os olhos tentando reprimir a dor, mas uma lágrima escorreu. Em minha cabeça vieram todas as memórias de nossos dias felizes.
Um ano atrás, sentada no balanço no quintal da nossa nova casa. Você estacionando seu carro rápido, assobiando meu nome e já abrindo uma cerveja, me pegando pela mão e entrando na sala para jogar vídeo game. Eu estava naquele vestido de verão que você adorava, você me assistiu tirar a roupa. Eu dizia o melhor a você, me inclinando para um grande beijo, você em meu pescoço sentindo seu perfume preferido.
-Querido, é você, é tudo para você. Tudo o que faço, é pra você. Eu digo a você o tempo todo. O céu é um lugar na terra com você. Diga-me todas as coisas que você quer fazer. Dizem que o mundo foi construído para dois e só vale a pena viver se alguém está te amando. Querido, agora você é amado.
Ele me segurava em seus braços grandes, bêbado e eu via estrelas. Isso é tudo no que eu penso. Esta é a minha ideia de diversão.
Abri os olhos tentando me livrar das imagens em minha mente. Agora tudo parecia fazer parte de um passado muito distante. Ele veio arrastando os pés e me beijou a cabeça. Fez menção para que eu me levantasse e me encaminhou até o sofá. Ficamos ali, me aninhei em seu peito, segura em seus braços. Tentei balbuciar alguma coisa, mas falou primeiro.
- O amor é malvado e o amor dói, mas eu ainda me lembro do dia que nos conhecemos em dezembro...
Foi em um final de semana com uns amigos, meu biquíni branco de lado com meu esmalte vermelho, ele senta bebendo me assistindo mergulhar nas ondas azul brilhante. Ele me mostrava que conhecia, cada centímetro de minha alta e negra alma. Ele não se importava se eu tinha uma vida de apartamento decaído. Na verdade, ele dizia que achava que era isso que ele devia gostar em mim, me admirar. Gostava de me ver na varanda, no banheiro. Escorregando no meu vestido vermelho, passando minha maquiagem. Copo cheio, perfume, conhaque, lilás, fumaça... Dizia que isso era como o paraíso para ele.
Fomos tão rápido, era tudo tão mágico, como se tivéssemos nascido um para o outro, como se fôssemos um.
- Te amo, mas eu vou desmoronar, às vezes o amor não é o bastante e a estrada fica difícil, você entende que eu tenho que seguir com minha vida, não é? - Ele sussurrou com a boca entre meu cabelo.
- Não, por favor, fique aqui. Nós não precisamos de dinheiro, podemos fazer tudo funcionar. - Agora eu já estava olhando nos olhos dele. - Continue me fazendo sorrir, vamos nos embriagar. A estrada é longa, nós seguiremos juntos adiante, tentaremos nos divertir no meio tempo. Te ver sair por aquela porta fará um pedaço de mim morrer. Eu só quero que as coisas sejam como antes...
Como quando dançávamos a noite toda e... - Minha voz foi perdendo a força.
Ele beijou minha bochecha e se levantou. Segurei sua mão tentando fazê-lo ficar.
- Você sabe que eu vou ficar perdida sem você, porque eu sou louca, querido. Eu preciso de você para vir aqui e me salvar. Quem mais conseguiria me aturar assim? Eu preciso de você, eu respiro você, eu nunca vou deixar você.
Ele me olhou como se eu fosse uma garotinha, deu um meio sorriso sem mostrar os dentes e se virou em direção à porta. Eu me levantei e o segui. Joguei meus braços ao redor de seu pescoço e repousei minha cabeça em seu ombro.
- Eu vou te amar até o fim dos tempos, eu vou esperar um milhão de anos se for necessário. Prometa que você vai lembrar que você é meu. Querido, você pode ver através das lágrimas? Eu te amo mais do que todas as vadias anteriores. - Agora eu já falava em meio a soluços e as lágrimas escorriam e molhavam a camisa desbotada que ele vestia. - Diga que você vai lembrar. Você vai lembrar que eu vou amar você até o fim dos tempos?
Ele me apertou em um último abraço depois me afastou de seu corpo. Me lançou aquele olhar novamente, pegou as malas, abriu a porta e saiu em silêncio. Ouvi o motor do carro roncar lá fora. Apoiei minhas costas na parede e me sentei no chão. Os sonhos dele o levaram embora, não o deixaram ficar comigo, o roubaram para fora da minha vida. Fechei os olhos e vi um paraíso que agora era escuro, onde ninguém se comparava a ele. Amá-lo para sempre não podia ser errado e mesmo sem ele ali, eu não iria seguir em frente. Eu fiquei ali, deitada no chão, sem mais sentir as lágrimas escorrendo pelo meu rosto e encontrando o tapete empoeirado.


Esse meme foi criado pela Tary.. Tínhamos que escrever um texto sobre a música mais ouvida durante a semana. Como esses meus últimos dias foram ~lotados~ de Lana Del Rey, resolvi fazer uma montagem (e adaptações) com as letras das mais ouvidas, Dark Paradise, Born to Die, Off to the Races, Video Games e Blue Jeans. E sem querer descobri a grande carga de depressão contida nas melodias e que, juntas, formaram uma história bem depressiva, mas a experiência de adaptar as músicas para um texto foi realmente legal. Recomendo, rs.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Marcela

Marcela, amiga de classe, companheira de parquinhos. Marcela, o primeiro beijo da minha vida, daqueles que a gente dá no auge dos nossos sete ou oito anos, geralmente em nossos primos. Marcela, de tantos sonhos compartilhados, juras e promessas. Marcela, amiga de toda uma infância feliz. Marcela, que aos onze anos deixou o prédio e a vida com a mãe e foi morar com o pai em outro estado. Marcela, agora sinônimo de saudades, recordações e fotos no mural do meu quarto.
Os anos foram correndo, as lágrimas sessaram, outras tantas eu conheci e beijei. Reformei minhas emoções, reformei meu quarto. O mural foi retirado de seu lugar, as fotos foram empacotadas.
Dez anos depois, chegando da faculdade, indo pegar o elevador, esbarrei nela, Marcela. Marcela, de olhos profundos e esverdeados. Marcela de cabelos soltos acariciando os ombros que me lembraram a cor do mel. Marcela de bochechas coradas, de nariz fino e pequeno, de boca rosada. Marcela de altura mediana, magrinha, de vestido na altura das coxas. Marcela, agora uma bela mulher de vinte e um anos, e eu, Thomas, um homem de vinte e três, ali parado a admirar meu amor de infância.
Sorri sem graça com medo de que ela não me reconhecesse, mas ela me sorriu de volta e arqueou as sobrancelhas.
-Thom? - Ela disse, abrindo ainda mais o sorriso.
-Marcela? - Tentei fazer entonação de certa dúvida, mas tinha completa certeza de que era ela.
-UAU, meu Deus, que ótimo te encontrar! - Exclamou já partindo para um abraço.
Era o mesmo abraço de dez anos antes, acolhedor, macio. Desejei ficar ali entre aqueles braços mais tempo, mas ela logo soltou para me olhar.
-É mesmo, quanto tempo... hm, o que tá fazendo aqui no prédio? Sua mãe já se mudou faz alguns anos...
-É, eu sei, é que eu voltei pra cidade, estou procurando um apartamento para dividir com umas amigas e acabei vindo parar aqui.
-Sério? Vai mesmo ficar de vez? - Pronunciei com empolgação de mais, como o menino de treze anos que ela deixou pra trás.
-Aham, passei no vestibular daqui e resolvi voltar.
-Que ótimo, Marcela, parabéns! Então nós vamos voltar a ser vizinhos... - Não conseguia controlar a empolgação na voz.
Vizinhos... Saídas à noite para beber, às vezes acompanhados pelos amigos, às vezes sozinhos. Marcela que em três meses depois aceitou ser minha namorada. Não me envergonho de dizer que eu vivia Marcela. A vida era tão mais bela! Minha mão em seu pescoço, meu rosto perdido em seus cabelos, seu olhar em minha boca. Marcela agora era céu, era ar, era sol, era sombra fresca. Era um sentar em baixo de uma árvore para ler um bom livro com minha cabeça repousando em suas pernas. Marcela era beijo doce e sem fim. Era força, apoio, confiança. Marcela era amar e ser amado. Eu a amava tanto que vira e mexe até transformava o sentimento em poesias piegas. E assim seguiu minha vida feliz... Marcela do Thomas e Thomas da Marcela; não podia ser mais prazeroso.
Oito meses depois fui esfaqueado com uma notícia: minha mãe tinha câncer e não havia nada que pudéssemos fazer, era questão de esperar. Eu chorei tanto. Encharcava travesseiros, mangas dos casacos, lenços e lençóis. Eu virava as noites perturbado, rolando pela cama, mente dormente e coração pesado. Justo nessa época Marcela começou a se afastar, me deixando perdido, cada vez mais longe de seus toques, tão distante de seus beijos, beijos agora curtos e penosamente frios. Em meio aos dias cansativos, tentando lidar com a doença da minha mãe que se mostrava cada vez mais debilitada, me esforçando para não repetir matérias na faculdade, ainda tentava resgatar Marcela.
Emagreci uns dez quilos, ganhei olheiras, notas ruins na faculdade e Marcela continuava a se afastar. Tentei de todas as formas que pude trazê-la para dentro de meu abraço e não deixá-la sair jamais, mas agora Marcela era pálida, de meios sorrisos, poucas palavras. Em nossas conversas seu olhar se tornava vago como se estivesse em outro lugar, suas mãos fugiam às minhas. Não havia jantar, passeios, flores, chocolates ou conversas que a fizesse voltar.
Em uma tarde, como que adivinhando o que estava por vir, cansado de toda aquela tempestade, me arrastei para a cama da minha mãe e me aninhei ao lado dela. Chorei como nunca havia chorado antes, um choro que me fazia sentir-me trêmulo, frágil. Em meio aos soluços contava a minha mãe meu medo de deixá-la morrer, eu não tinha mais ninguém, Marcela tão distante me deixando tão angustiado. Minha mãe me afagava com carinho e me dizia que tudo ficaria bem, de uma forma ou de outra. Dois dias depois Marcela terminou comigo. Uma semana depois minha mãe faleceu.
Fiquei tão perdido, sem pernas, sem ar, sem forças, sem perspectivas da possibilidade de ter um bom futuro. Marcela não mais me ligou, não mais me atendeu, não me procurou. Nos víamos algumas vezes no saguão do prédio, mas minha presença parecia não significar nada para ela. Ela tinha escolhido me deixar e parecia estar convivendo muito bem isso, o que me deixava aos pedaços.
Em uma certa tarde fui para a nossa sorveteria, nosso lugar. Ela estava lá, sentada em nossa mesa. Seus olhos brilhavam, sua pele estava corada como se tivesse passado um final de semana na praia. O som de sua risada me fazia estremer de saudade. Suas mãos estavam em cima da mesa, macias e alongadas, buscando um outro par de mãos. De frente para ela estava um outro alguém, alguém que ela deve ter conhecido enquanto eu era só um zumbi que sugava as energias dela para tentar sobreviver nos meus dias penosos. Alguém para quem ela sorria e dava as mãos e inclinava o busto por sobre a mesa para beijar.
Saí dali antes que ela desse conta de minha presença. Fui andando pelas ruas sem saber para onde ir. Senti que era o fim da linha. Ao anoitecer cheguei à ponte da cidade. As águas corriam violentamente lá em baixo. Fechei meus olhos, pensei na minha mãe que agora devia estar bem, sem mais sofrer, pensei em alguns amigos da faculdade que não sabiam o que fazer para tentar me animar, pensei em Marcela. Marcela agora feliz e revigorada, longe de mim. Então ali, apoiado nas barras de segurança da ponte me dei conta de que não tinha mais nada a perder. Abri meus olhos e admirei a correnteza lá em baixo por alguns minutos. Peguei meu celular e escrevi uma breve mensagem:

"Eu vou, mas estou levando parte de você comigo. A parte mais bonita, o brilho que você tinha quando era minha."

Enviei para Marcela. Repousei o aparelho no chão e sem mais pensar, me joguei. Não fiz muito esforço para me salvar, o escuro, a correnteza e as pedras deram cabo da minha vida. Não doeu, não doeu nadinha.


Imagem retirada do We♥It

segunda-feira, 19 de março de 2012

Bad Romance


De repente me bateu uma vontade louca de te escrever. Daquele tipo de vontade que só passa quando eu me rendo e começo a escrever. E mesmo se eu fizesse birra e me recusasse a colocar tudo no papel, as palavras ficariam se unindo e formando frases e até parágrafos inteiros e me levando a loucura.
Você não sabe, mas eu te escrevi uma carta de aniversário, a próprio punho, caprichei na letra, escolhi as palavras, mas não coloquei junto ao seu presente antes de te entregar. Acho que fiquei com medo de ter expressado sentimento de mais ou de ter sido inconveniente, ou sabe-se lá o que... agora a carta está dobrada em 2 partes, dentro do meu livro favorito na minha gaveta.
Eu ainda te amo, mas aos poucos vou perdendo o frenesi, estou me habituando, aprendendo que nem tudo o que eu quero eu posso ter. É que eu me sinto tão próxima a você, ligada de uma forma estranha e ao mesmo tempo engraçada. Eu sei bem que não é pra ser, essa parte eu superei com louvor, mas eu preciso te falar que eu te amo, todos os dias, mas sem segundas intenções, aquele eu-te-amo que vai sair naturalmente e que não vai te deixar sem graça de ouvir ou mudo sem saber o que falar. Aquele eu-te-amo que sairá da minha boa quando você fizer qualquer coisa gentil, aquele eu-te-amo inocente que melhores amigos dizem uns para os outros.
Você que guarda todos os meus segredos e sentimentos é uma das pessoas que eu mais deposito confiança, eu me sinto segura te contando minhas bobeiras e aqueles problemas de teenagers... conspirar contra os outros com você e te ajudar com meu senso crítico me deixa feliz. Você que anda tão sem assunto se afogando nessa nova fase da sua vida me faz querer te tirar daí por um ou dois dias e te trazer aqui pra casa para sentarmos no sofá e vermos um filme thash, me faz querer sair pelo mundo, andar por andar por aí, coisas de melhores amigos.
O dia que tivemos aquela breve conversa por msn depois que você leu aquele texto foi um dos dias mais importantes até o vivido presente momento. Eu nunca tinha me sentido daquele jeito antes. Você falou que me amava pela primeira vez, mas que não gostava de mim, que realmente não é pra ser. Eu admirei muito sua coragem de enfrentar sua aversão à sentimentos, para me explicar que eu tava doida, eu morri de emoção. Sua sinceridade me libertou. Eu queria chorar de alegria e cantar e correr e gritar e dar socos no ar. O que eu pensei que iria nos afastar, hoje me parece que nos uniu mais. Encarar as verdades contidas nas amargas palavras daquele texto nos fez crescer juntos, nos fez dar as mãos para subir um degrau ou dois das escadas de nossas vidas. E agora, mesmo seguindo rumos diferentes, nos vendo (com sorte) de mês em mês, posso afirmar que não preciso "correr atrás de você", você virá até mim sempre que precisar, o medo de que você suma não existe mais porque eu sei que você volta, agora você volta.
Que esse recomeço seja excelente para nós dois. Que tudo o que sempre desejamos venha se concretizando aos poucos. E que o mundo vá te mostrando tudo o que de melhor há para você aproveitar e que o receio de viver a vida vá sumindo junto com a teoria de que você não tem o que viver. E quando te bater medo ou insegurança, pega minha mão porque eu nunca vou te deixar, não importa o que aconteça.
E os muitos "eu te amo" que eu tenho pra te falar, vou guardar para quando você estiver pronto para ouvir e eu preparada para falar sem que as nossas mãos tremam.
Pois bem, não entreguei sua carta de aniversário porque tive medo dos efeitos do meu sentimentalismo em você, mas agora eu faço um texto pelo menos quinze vezes mais emotiva, mas eu não me importo mais. Preciso dizer que eu estou bem, que eu quero que fiquemos confortáveis com isso tudo, passou, acabou, foi um engano honesto. E eu não posso terminar esse post sem te dizer, de todo o meu coração, que eu te amo, melhor amigo do mundo!

terça-feira, 13 de março de 2012

Dez de Março de Dois Mil e Doze

Dois anos de grande tortura, mas agora eu me sinto viva de novo. Ainda de mansinho, engatinhando, acumulando força e coragem para recomeçar a andar. Pode parecer que estou com a corda toda, mas é só a sensação que se tem ao experimentar pela primeira vez o paladar de “vida boa”, que nos deixa em êxtase, mas depois vai desacelerando. Boas lembranças. Ah, como são boas as lembranças da primeira noite do resto de toda a vida boa que eu tenho pela frente!
Algumas falas e ações foram esquecidas ou embaralhadas pelo cérebro que estava enevoado, mas praticamente todas as músicas foram dançadas como se não houvesse um novo amanhã, como se fosse o último sábado a noite do resto de minha vida.
Eu estava ali no meio de pessoas tão importantes, de gente tão legal, que às vezes me ajudaram tanto e nem fazem ideia disso. Eu estava ali dançando com o corpo, com os cabelos, com a alma e o sorriso de liberdade. O ar faltava em meio a tantos giros e passos desengonçados e improvisados, o suor escorria, mas sempre chegava alguém com um copo na mão e lá se iam goles de bebidas que não me lembro o nome, só a cor. Tudo tão bem, tão leve.
Eu dançava ao lado dele, mas a vontade de puxá-lo pela nuca e cumprir uma promessa maluca feita dois anos antes não me veio em nenhum momento. Eu só queria aquilo mesmo, dançar juntos como malucos que ainda têm a vida inteira pela frente, como uma garota e um garoto que são melhores amigos, como melhores amigos que querem comemorar a grande noite! E foi isso, tudo tão maduro da nossa parte, tão suave.
Eu e minhas amigas rindo e dançando com o vestido colado ao corpo devido ao suor, mas a gente não estava nem aí, só queríamos isso mesmo, aproveitar e brindar a chegada dessa nova fase. E os goles que me tiraram do chão, que me fizeram achar graça no rosto das pessoas, nas luzes, nas vozes, na vida, ah os goles! Os tantos goles que fizeram efeito sem que eu desse conta, a pista de dança agora girava rápido e eu flutuava.
Aí começa a tocar “Someone Like You”, nada melhor do que isso para ir se jogar na pista e brindar o fato de que vou achar alguém como você e gritar com todo o meu pulmão que é pra você não me esquecer porque eu vou sempre te amar, mas agora vai ser um amor saudável, do tipo que conta e guarda segredos, do tipo que une irmãos.
Do nada o clima nostálgico (porém muito libertador) se desfaz em meio aos efeitos de luzes e fumaça e o ambiente é preenchido pelo clima sertanejo. Não sei nem me mexer nesse ritmo musical, mas a verdade é que me joguei ainda mais. Larguei meu copo daquela bebida (bebida essa que a Jéssica no auge de sua loucura começou a chamar de balinha) e comecei a dançar de olhos fechados. Alguém me puxou e me tirou pra dançar mesmo eu sendo tão péssima em coordenar os pés quando a dança é a dois, mesmo eu não sentindo o chão sob meus pés. E assim foi. Intenso eu diria. Eu podia estar em um nível comprometedor da minha sanidade que eu nunca havia chegado antes, mas eu me sentia consciente. Eu estava destemida. Não sei se consegui coordenar mãos, pés, cabeça, mente, boca e olhos, mas eu sabia que aquela era a hora e o lugar, que era o certo a se fazer, mesmo que talvez doesse no fundo da minha alma ou na alma do meu bad romance, mas foi fácil e eu tive certeza que estava livre.
E aí me vejo com todos os meus amigos ao meu redor me olhando como se nunca tivessem me visto antes. Talvez tenha sido exatamente isso. Ali de pé estava alguém liberta e consciente, agora no controle de suas ações e sentimentos. Alguém que tinha acabado de recomeçar. Alguns ficaram preocupados tentando me acalmar, me por em mim de volta, mas eu estava tão bem, tão feliz, tão leve, tão risonha que eu me prometi que eu nunca mais seria outro alguém que não fosse essa nova pessoa.
Fim de noite, início de vida.
Obrigada a todos os envolvidos pelos três fabulosos e indescritíveis anos. Pelas gargalhadas, brincadeiras e tormentos também, por que não? Acho que todos crescemos muito de alguma forma, amadurecemos ao longo do tempo e talvez tenhamos até nos tornado pessoas melhores.
Obrigada a você que já estava há praticamente um ano tentando me tirar pra dançar, mas acho que foi na hora certa (apesar dos pesares, rs). E que agora a vida e as coisas sigam assim, naturalmente.
E quais são as minhas lembranças da noite de formatura? O lábio inferior roxo, uma noite flutuante, conversas das quais só me lembro das gargalhadas, um brinde em comemoração ao encerramento de mais um ciclo e a maravilhosa sensação de dever cumprido!