quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

À deriva

"Conta a lenda que as sereias são encantadoras, seu olhar e principalmente sua voz arrastam qualquer marinheiro ao seu encontro. Elas que parecem tão sedutoras, tão acolhedoras, tão atenciosas, tão doces com aqueles sorrisos encantadores...
Como você não poderia resistir à tentação, me deixou a missão de te amarrar firme ao mastro para que não seja levado pelo impulso de cair no mar e ir ao encontro da sereia. Eu estava disposta a fazê-lo."


"Mas que novela mexicana!" Já me disseram isso antes. Talvez eu tenha mesmo uma vida inspirada nas relações conflituosas, no vem e vai, nos nomes compostos, mas dessa vez as coisas quase saíram do controle. Com quase 8 anos de amizade não se brinca, não se pode tratar duas garotas como marionetes, não se pode querer bancar o maioral todas as vezes. Sempre com o ponto fraco das pessoas na ponta da língua, você não hesita em alfinetar, sempre engraçadinho e sarcástico, sempre esquivo e desentendido. Não tem mais graça.
Talvez você ache que tudo faz parte de uma grande brincadeira, uma peça de teatro em que você tá se divertindo sendo o diretor, criando histórias e armando ceninhas. Eu faria uma cena, até duas de fosse preciso, eu derramaria lágrimas, ela faria o mesmo, mas não assim, não quando a nossa amizade pode ser abalada por causa disso. Sabe a impressão que eu tenho? Sempre que você tinha uma oportunidade nos jogava uma contra a outra.. "ela me dá mais atenção quando você estava sendo uma bitch e ficamos muito próximos falando mal de você", "eu devo favores a ela porque ela me ajudou" e você no meio disso como o salvador-do-broken-heart-de-vocês-duas. ONDE VOCÊ ACHOU QUE IRIA CHEGAR COM ISSO?
Eu fiquei realmente preocupada com você quando mandou aquelas mensagens, eu estava sim disposta a ajudar com o que fosse, mas aí você cria duas historinhas e conta uma versão para cada uma e quer que a gente banque as atrizes uma na frente da outra. Se você tem sentimentos ou não, se acha que tem que escondê-los, reprimi-los, afogá-los ou não, faça isso do jeito certo. Não estou fazendo pouco caso do problema ou das suas intenções para evitar o problema, mas acho que você deveria se portar como o homem que tanto se gaba ser e resolvesse isso como se deve.
Por que você tem que tornar tudo TUDO T-U-D-O mais complicado? Já te disse isso antes e vou tornar a dizer: estou farta! Estou cansada das cargas pesadas que tenho que carregar pra sustentar a amizade. Acabei de me livrar de um peso nas costas que você se vangloria por ter me ajudado (e sou grata, você sabe), mas você vem e deposita outra carga sobre mim. Sem necessidade; as coisas poderiam ser mais leves entre a gente.
Eu entendo que a situação não é fácil, olha, não é mesmo, mas você fez tudo errado e brincou com a gente. Imagina se desse tudo errado? Imagina se eu fosse interpretar o papel de bitch ciumenta e ela do de believer me achando na verdade uma otária? Você acha que isso tá certo? Talvez eu faça muita tempestade em apenas gotas d'água, talvez eu leve tudo a ferro e fogo, talvez eu até nem tenha entendido direito, mas eu precisava falar. I'm out of the game, não vou mais brincar com esse seu quebra cabeça que está sempre mudando as peças. Eu vou estar aqui SEMPRE que você precisar, mas quando quiser ser honesto, franco, quiser que eu o ouça, que o aconselhe, o faça rir, se quiser brincar, mas eu já te disse essas coisas e você parece desconsiderar.
Desculpe de fui rude ou idiota mesmo, não é por causa do teatro e sim do que você fez, mas isso não vai mudar nada, eu realmente não estou mais magoada, eu te amo como meu irmão e assumindo esse papel eu tive que dizer o que mais cedo ou mais tarde alguém iria chegar e te falar.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

As melhores coisas do mundo

Uma família unida. Uma família unida e bem grande. Comida de vó. Conselhos de mãe. Implicância de irmão. Morango ao leite. Mousse de maracujá. Meu ensino médio. Os verdadeiros amigos que fiz no ensino médio. Ed Westwick. McFLY. Compraaaaaaaaaar. Ir ao cinema. Titanic. Azul. Escrever. Compor. Violão. Comprar material escolar. Bolo de aniversário. Brigadeiro de colher. Ir na casa da melhor amiga. Sapatos. Esmaltes. Perfumes. Cremes hidratantes. Maquiagens. Meu melhor amigo. Minha melhor amiga. Orações. Milagres. Música. Praia. Sentar nas pedras para admirar o mar. Sentir a brisa no cabelo. Não pensar em nada. Sotaques. Mineiros. Livros. Shows. Fotografias. Nascer do sol. Pin Up. Nutella com torradas. Nutella com pão. Nutella com biscoito. Nutella no dedo. Nutella na colher. Nutella com Nutella. Madrugadas em claro conversando. Beijos intensos no estilo explorador, intermináveis. Sorrisos. Rolar de rir. Lágrimas de alegria. Sorvete de creme. Brownies. Ice tea de limão. Bermudas jeans. Vestidos curtos. HAVAIANAS. LINGERIES. Bocas e olhos. Narizes e maxilares. Pescoços e costas. Mãos e pernas. Paz interior. Paz exterior. Paz mundial. Viagens. Litoral. Geografia. Dançar até cair. Salmão ao molho de alcaparras e mostarda. Nude. Cultura. Televisão. Internet. John Mayer. Água. Espelho. Tiffany & Co. Gossip Girl. Virada de ano. Fogos de artifício. Gabaritar uma prova. Passar em vestibular. Bebês. Meu vidinho. Problemas solucionados. Salto alto. Colares. Cheiro de álcool. Banho. Chuck e Blair. RUIVOS. Loiros. Nerds. Pequenos alargadores. Argolinhas. Bom gosto. Férias. Volta às aulas. Dormir. Sonhar. Sonhar com seu ator favorito. Sonhar que você está no banco de trás de um taxi com seu ator favorito mordendo o pescoço dele. A sensação de missão cumprida. Vizinho gato. Cachorros. Dormir olhando as estrelas. Pessoas que seguem o ramo da fotografia por amor. Canecas. Nescal cereal, o cereal radical. Árvores. Balanços. Amplitude. Travesseiros. Comemorações. Milk shake mal batido. Passar um dia cansativo, mas saber que sua cama linda te espera. Robert Pattinson. Sobrancelhas bem feitas. Ventilador/ar condicionado no verão. Sabonete líquido. Relógios. Atuar. Escapar de recuperações. Dormir de ventilador ligado e edredom em noites frias. Honestidade. Clareza. Matar saudade. Cheiro de sua comida favorita. Beber água quando tá com aquela sede de matar. Pipoca quente no cinema. Primeiro amor (pode ser igualmente a pior coisa do mundo). Cheiro de sabonete que fica no banheiro depois do banho. Corujas. PIJAMAS. Sair de noite. Andar sem rumo. Conversar comigo mesma. Bondade. Irmãos gêmeos. Acordar desesperada achando que tá atrasada e olhar pro relógio e se ver que ainda faltam algumas horas de sono. Limpeza. Meu professores Paulo Rosa e Marcelo Orozco. Casas espaçosas. Escadas. Lustres. Poesias. Bênçãos. Unhas que não esfarelam feito papel. Bolsas. Balas de gelatina. Salada de frutas. Silêncio. A voz do Adam Young. Consciência tranquila. Carne de panela. Sentar na cozinha e ouvir minha vó contar as histórias hilárias da época que ela era jovem. Presentear. Combo de episódios de suas séries favoritas. As sagas Percy Jackson e Harry Potter. Passar as noites sem conseguir parar de ler os livros de True Blood. Caminhar na orla da praia e ter a sensação de que a areia não tem fim. Aumentar o volume e gritar a letra de sua música favorita e pensar: FUCK YEAH VIZINHOS!. Relâmpagos (sim eu amo chuvas violentas). Primeira semana com celular novo. Xadrez bem usado. Rapazes que sabem se vestir. Bastardos Inglórios. Óculos. LAÇOS. Ceia de natal. Ceia de natal com toda a família. Correr e gritar ao mesmo tempo. Girar e depois cair rindo tonta. Impressionar alguém. Atrair olhares. Garotos que sutilmente abrem a boca quando nos veem arrumadas. A maioria das coisas sutis. Nuvens. Aprender a falar várias línguas. FRANCÊS. BRITÂNICOS. Dignidade. E a melhor das melhores coisas do mundo: saber que eu sempre vou ter total amor, apoio e ajuda de Deus.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

As Piores Coisas do Mundo

Sutiãs que fecham na frente. Suco azedo. Feijão sem tempero. Miados de gato. Gatos, nossa como odeio gatos. Amarelo. Quando a unha quebra nos cantinhos. Salsicha. Computador sem internet. Os avassaladores. Pessoas que puxam assunto do nada. O momento que você percebe que fez besteira. Estranhos que querem ser melhores amigos na primeira conversa. Gente que fala demais. Se apaixonar pelo melhor amigo. Gente que se acha de mais. Areia no biquíni. Engordar perto do verão. Sentir frio em longas viagens. Espinha na ponta do nariz. Esmaltes foscos. Não poder ir ao show da sua banda favorita. Falar e não ser ouvido. Competições entre amigos. Fome de coisa gostosa que nunca tem na geladeira. Parentes internados. Mãe doente. AQUELE vestido não tem do seu tamanho. Sapatos que machucam. Antivírus que não atualiza. Chuck e Blair nunca ficarem juntos. Perder o fio da meada. Final de verão. Voltar de férias. Fim do ensino médio. Filmes que não seguem o roteiro dos respectivos livros. Família que mora longe. Não conseguir passar para a faculdade que quer. Melão aguado. Baixar aquela música e vir um remix tosco. Ficar dias incomodado tentando lembrar de alguma coisa. Querer conversar e não ter assunto. TPM. Morte do seu cachorro. Protetor solar no olho. Alergia alimentar. Banho quente no verão. Garotas que se fazem de burras. Gente sonsa. Fim de Harry Potter e mais um milhão de outras coisas.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

mais um devaneio noturno

23:14 do dia seis de fevereiro de dois mil e doze.
Provavelmente vou escrever um monte de coisas sem sentido porque só quero esvaziar a mente. Talvez em uma segunda ou terceira releitura as coisas comecem a se encaixar e ficar claras.
Só sei que tem algo errado, mas não consigo ver nada de errado acontecendo. É como se fossemos grandes tocadores de fita e dentro de nós há fitas, tocando, mas eu estou tocando com a função mudo ativada e aí ninguém de fora consegue ouvir o que está sendo reproduzido porque somente eu consigo ler o que está sendo dito porque a função mudo está sempre ativada. Mas não há nenhum problema com o mudo, porque se não, ela não existira em verdadeiros tocadores de fita, rádios e televisões. Para mim essa função serve para ouvir melhor, por incrível que pareça. Ouvir melhor o que vem de fora e no meu caso, ouvir melhor o que está dentro. E não é porque a função mudo está ativada que a fita parou de tocar, não, ela continua ali, continua sendo reproduzida. O grande problema, creio eu, é achar que o mudo não tem graça, que é irritante, talvez seja porque o mudo lembra o silêncio do fim, mas não é o fim, não ainda, continuo a reproduzir o conteúdo de minha fita no silêncio. Não há nada de errado com o silêncio, errado é a sua forma de interpretá-lo em algumas ocasiões. O silêncio só se torna desconfortável se você está se sentindo sozinho. Ficar a sós em silêncio com um ou vários amigos não é desconfortável, não há problema se seus amigos algumas vezes reproduzem suas fitas no mudo, mas se você quer reproduzir sua fita em alto e bom som quando os outros querem silêncio, cabe a você ter paciência, dar uma pausa ou seguir em frente e depois rebubinar.
A impressão que tenho é justamente essa: enquanto eu estou com a função mudo ativada, você está querendo que a sua fita toque o mais alto possível. Para mim ela está soando estranho, parece emperrada, como um CD arranhado que fica repetindo várias vezes a mesma coisa de novo e de novo e de novo... e quando parece que em fim você conseguiu pular essa faixa ruim e seguiu em frente mais um arranhão aparece. Eu quero te ajudar a se mover, mas as palavras não saem para que você as escute.
Você me cobra que eu te dê valor, mas eu não sei como te demonstrar isso em volume alto e que dirá em silêncio. E eu não sei mais como agir porque você está gritando aos quatro ventos que vai desistir. O que eu posso fazer para impedir? O que você quer de mim? É só me pedir, mas não venha pedir palavras quando eu não as tenho. Eu tenho um pedido para te fazer, somente um: NÃO DESISTA. Não é porque você acha que acabaram as palavras que irão acabar as conversas, a amizade, o amor, tudo. Não acabou. Você tem medo de pausar sua fita e ficar presa nesse arranhão pra sempre e aí fica tentando desesperadamente seguir em frente, acelerar, mas tem que ter calma, desenrolar a fita e colocar para reproduzir de novo, nem que tenha que recomeçar.
Não desista. Eu estou aqui, estou no mudo, mas posso te ouvir gritar em meio ao silêncio, você é que está tão presa, tão preocupada de ficar nisso por mais tempo que não consegue ouvir o que vem do meu silêncio.
Eu me recuperei de uns arranhões em que fiquei presa e fiquei rebubinando e ouvindo a mesma parte triste e pavorosa da minha fita várias vezes, mas eu superei, estou tranquila, querendo ouvir o silêncio. Pare um pouco, desacelere, pense, ouça seu próprio mudo. Eu não vou a lugar nenhum. Nós ainda vamos reproduzir em coro muitas coisas boas, lindas, vitoriosas e doces.