segunda-feira, 23 de julho de 2012

Somente eu, eu mesma e eu.

Depois de mais uma semana que se passou incrivelmente rápido, depois de me recuperar de um trauma ocular (um inseto não identificado veio voando das terras longínquas do leste e resolveu aterrissar no meu olho direito, causando grande estrago), depois de estudar demais e almoçar maçãs todos os dias, resolvi que ontem, domingo, eu iria ao cinema sozinha. Sim, isso mesmo. Não me dei o trabalho de ligar em cima da hora para algum amigo me fazer companhia, não entrei na mesma sessão em que minha mãe e minha irmã estavam, eu resolvi ver um filme sozinha.

Eu nunca tinha feito isso antes. Deve ser porque sempre achei muito coisa de pessoas solitárias, daquelas que realmente não possuem ninguém para acompanhá-las a uma simples ida ao cinema. Mas ontem eu tomei coragem e fui. Comprei meu ingresso para a sessão das seis e meia da tarde, entrei na sala de cinema companhada somente do meu saco de pipoca bem quentinha. Quebrei um outro padrão ao escolher um bom lugar no centro da segunda fileira mais longe do telão, aquela que fica lá no alto. Diferentemente das outras vezes em que sempre escolhia o centro da sala.

Ao atravessar a sala ainda com aquela meia luz acesa, algumas pessoas me olharam meio torto, provavelmente elas também pensam que ir sozinho ao cinema é coisa de gente abandonada e chateada com a vida. Acho que ouvi o menino da primeira poltrona da minha fileira comentar com o amigo "ué, tá sozinha", quando eu passei por eles para chegar ao meu lugar, mas deve ter sido coisa da minha cabeça. Eu estava meio nervosa quando cheguei, mas graças aos céus, o trailler já tinha começado, então não precisei ficar olhando para uma tela escura enquanto todos ao redor conversavam e riam e se beijavam.

Não deu nem cinco minutos para eu me sentir totalmente a vontade. Sentar lá em cima é mágico, parece que ninguém está tendo uma visão tão privilegiada quanto você. Passaram-se os traillers e o filme começou. Imediatamente esqueci que eu estava ali sentada no meio de dois casais, fiquei tão concentrada no filme que nem me lembro se eles ficaram de pegação do meu lado. Só fui recordar que estava sozinha quando inutilmente estava tentando catar pipocas no fundo do saco, mas já essas já tinham acabado, aí me bateu uma pontadinha de raiva porque não tinha um amigo do lado para eu roubar a pipoca dele. Mas fora isso correu tudo na mais perfeita harmonia.

Foi um filme relativamente grandinho, mas eu ficaria mais duas horas assistindo se fosse necessário. O incrivelmente incrível Andrew Garfield está realmente se destacando e ao que parece TEM MAIS FILMES VINDO POR AÍ. ~Para nossa alegria~


Sabe galero, foi muito bom sentar lá naquele escurinho e dar minhas típicas risadas debilóides, coisa que não fazia há tempo. Me emocionar com coisinhas babacas sem ter que escutar o acompanhante me chamando de chorona. Foi bom tirar umas horinhas para mim, relaxar e esquecer um pouquinho do corre corre. E querem saber de mais uma coisa? Vou passar a me aproveitar mais. Descobri que sou ótima acompanhante para mim mesma! Tentem vocês também, faz bem! rs.



sábado, 21 de julho de 2012

Do jeito que eu quero

Daqui
"Uhhhh, o estilo é romântico, é o romantismo!"

A aula de literatura dessa semana mudou minha vida. Tá, não foi nada "óh, mas que coisa", mas foi chocante -pelo menos pra mim-. Deve ser porque eu levo essa coisa de gêneros literários pra minha vida, de verdade... Segunda geração romântica, então! Fico derretida. Mas em fim, minha professora, que, do jeito dela, é um amor de pessoa, chegou na sala munida de um violão. Deu a matéria e depois se pôs a tocar e a cantar uma paródia que ela escreveu na época em que ainda era vestibulanda. Tudo para nos ajudar a lembrar as fases do romantismo. A tal paródia é da música "Como eu quero" do Kid abelha. Depois de cantar, tocar, rir e aprender a matéria, começamos a falar da letra original da música.

"UHH EU QUERO VOCÊ COMO EU QUERO", percebeu? Não tem vírgula!!! Meu, não tem vírgula! Isso muda t-u-d-o. Aquela vírgulazinha que ~não existe~ ali entre o você e o como muda o sentido de "uhh eu quero você, como eu te quero meu amor, te quero tanto" para um "uhh eu quero você do jeito que eu quero, então é melhor seguir o que eu estou falando pra se dar bem". Fado engano. Meu mundo caiu. Me senti A burra ignorante master do universo. Eu achei que tinha uma vírgula.

Depois desse choque cheguei em casa e tratei de ir analisar direito a letra. Percebi que ela faz mesmo MUITO MAIS sentido sem a vírgula ali entre aquelas duas palavrinhas. O eu lírico, se assim posso dizer, é totalmente feminino, a música inteira é praticamente aquele grito inflamado que nós mulheres temos dentro do peito. Sabe quando a gente está ~in love~ por aquele rapaz, mas ele "podia ser melhor"? Automaticamente e acho que até mesmo inconscientemente começamos a mudar isso e aquilo nele, ajeitamos o corte de cabelo, trocamos o guarda roupa, ensinamos a se comportar e a falar, alteramos o estilo musical, dentre outras coisinhas e voilà, ele estaria perfeito se essas mudanças não fossem apenas fruto de nossa imaginação. "Mas ele bem que podia ser do meu jeito...", pois é.

Não podia ser diferente. Mulher tem mesmo essa mania de achar que o homem só vai ser completamente e suficientemente bom quando passar a seguir o que a gente diz, porque no final das contas é o certo e acabou. "O que você precisa é de um retoque total. Vou transformar o seu rascunho em arte final...". Aquela velha teoria: por trás de um grande homem existe uma grande mulher. Acredito que isso é uma boa verdade. Mulheres centradas e inteligentes sabem como fazer um homem crescer, não adianta, tem coisas que só nós conseguimos mudar em um homem, aqueles pequenos detalhes que fazem diferença.

Uma letra toda trabalhada no imperativo, "DIZ", "FAZ", "TIRA", ordens e quase ameaças, do tipo que só NÓS MULHERES somos mestres em fazer... "Longe do meu domínio cê vai de mal a pior. Vem que eu te ensino como ser bem melhor...", "Agora não tem jeito cê tá numa cilada", SANTO DEUS, COMO EU NÃO PERCEBI ISSO ANTES? Nunca existiu uma vírgula ali...

-Tem um vídeo do Leoni cantando em uma outra versão essa música (aqui), que explica facilmente o verdadeiro sentido da letra sem precisar recorrer a essa confusão de vírgulas da qual eu fui vítima, rs.-

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Sobre como será quando tudo mudar

Quando tudo mudar eu vou querer tudo mudado. Quero uma revolução interna e externa.
Eu vou querer mais inspiração para criar textos que versem sobre o canto dos pássaros na minha janela. Eu vou querer mais sensibilidade para ouvir uma música e escrever poemas, para olhar nos olhos de uma pessoa e dali extrair teorias de suas vidas. Eu vou querer mais paz, paz para escrever em paz, falar de guerras, de vitórias, de escombros e recomeços. Eu vou querer mais cor para respingar no mundo, sair desse preto e branco que anda me assolando. Eu vou querer mais noites onde eu fique observando o luar, olhando as estrelas com a minha irmã e fingindo saber as constelações. Eu vou querer mais dias alegres, tipo aqueles em que a gente brincava de roda na rua, beijava na chuva, rolava na grama. Eu vou querer mais criatividade pra redecorar meu quarto, escrever um roteiro, criar cenários. Eu vou querer mais ousadia pra sair com uns jeans destruído, cantar um rock e beijar uns baixistas. Eu vou querer mais solução para questões das provas difíceis, para aplicar na minha vida. Eu vou querer mais liberdade para amar de verdade e não ter que andar sempre com meus pés no chão. Eu vou querer mais sintonia entre pessoas e pessoas, entre humanos e ambiente, entre seres, entre a gente. Eu vou querer mais fé pra acreditar que tudo nesse mundo pode dar certo, que Deus está sempre perto e que não tenho nada a temer. Eu vou querer mais companheirismo para reforçar amizades, para unir pessoas. Eu vou querer mais madrugadas em claro, seja rolando na cama relembrando momentos ou na rua, criando os momentos. Eu vou querer mais noites dormidas para acumular sonhos e devaneios, relaxar corpo, alma e mente. Eu vou querer mais conhecimento para saber de tudo um pouco, me tornar experiente. Eu vou querer mais caras bonitos para chamar de meu, de amigo, de amante, de irmão, de marido, de parceiro, de querido. Eu vou querer mais dinheiro pra gastar, pra ajudar, pra investir na bolsa de valores, pra ajudar a trazer felicidade. Eu vou querer mais vermelho pra borrar meus lábios, tingir minha calça favorita, pintar as unhas.
Quando tudo mudar, o mundo será um lugar melhor, com pessoas melhores, com dias melhores.
Eu acredito na mudança porque eu acredito na humanidade. Eu acredito que ainda podemos ser humanos e não apenas coisas. Lutar pelo coletivo e não apenas pelo individual. Acredito que lááá na frente, olharemos para trás e veremos que conseguimos fazer a diferença. Enquanto ainda estamos mergulhados nessa coisificação, enquanto eu e mais alguns ainda gritamos, mas ninguém parece escutar, enquanto tentamos mudar pequenas coisas a cada dia, ficarei aqui sonhando sobre como será quando tudo mudar.


Esse é mais um meme da máfia. Dessa vez tínhamos que reciclar um título criado por outra blogueira.